Por que as telecons estão migrando para energia renovável?
Com o aumento da demanda por dados, as telecons precisam ser estratégicas no consumo de energia e as renováveis combinam o melhor dos mundos: redução da pegada ambiental e dos custos operacionais.
O setor de telecomunicações, conhecido pelo elevado consumo de energia devido à operação contínua de infraestruturas, enfrenta um desafio crescente com o aumento da demanda por dados.
Um levantamento da consultoria Statista mostra que a quantidade de dados digitais criados ou replicados em todo o mundo aumentou mais de trinta vezes na última década, passando de dois zetabytes em 2010 para 64 zetabytes no ano passado – e deve ultrapassar os 180 zetabytes em 2025, com um crescimento médio anual de quase 40% ao longo de cinco anos.
IoT (Internet das Coisas), desenvolvimento do 5G e uso intensivo de redes sociais estão por trás deste boom no tráfego de dados.
Isso significa uma aceleração sem precedentes no consumo de energia e possíveis impactos sobre ambições climáticas.
Globalmente, as TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação) já são responsáveis por 3 a 4% das emissões de CO2, o dobro do setor de aviação, de acordo com o Boston Consulting Group (BCG).
Ainda segundo o BGC, a demanda por dados móveis deve aumentar 60% nos próximos anos, o que pode fazer com que a indústria seja responsável por um recorde de 14% das emissões mundiais de CO2 até 2040. E 90% desse volume está associado ao consumo de energia.
É por isso que a adoção de energias renováveis chega como uma solução estratégica para reduzir o impacto ambiental, junto com outra vantagem importante: elas reduzem os custos operacionais, especialmente no Brasil, que conta com ótimas condições para geração eólica e solar a preços competitivos.
O próprio 5G pode ser um aliado. A análise do BCG destaca que a implementação do 5G pode diminuir a intensidade energética do setor em até 70%, desde que associada às renováveis, o que também significa redução de custos.
Telecons brasileiras apostam em renováveis
Segundo o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2024 da EPE, na classe comercial, o setor é o quinto maior consumidor de energia elétrica no Brasil, com 4.322 gigawatt-hora (GWh), representando 4,8% do segmento.
Não é por acaso que as principais operadoras de telecomunicações no Brasil têm trabalhado para zerar suas emissões através de iniciativas como a geração distribuída com sistemas de armazenamento de bateria, PPAs e certificados de energia renovável para substituir geradores a diesel.
No Brasil, a empresa Telefónica pretende reduzir 90% das suas emissões de escopo 1 e 2 (operações e consumo de energia) até 2030, além de 56% em toda a sua cadeia de valor. O plano de ação climática da empresa conhecida pela operadora Vivo inclui desde a implementação de redes mais eficientes como fibra e 5G, até maior adoção de energias renováveis e redução do uso de combustíveis fósseis.
A Claro, com o programa Energia da Claro, tem investido em usinas de energia que utilizam fontes renováveis – hidrelétricas, solar, biogás e cogeração – para descarbonizar o seu consumo. A operadora também compra energia no mercado livre de parques eólicos. O objetivo é usar somente energia limpa em suas operações de grande porte.
Já a Tim quer ser uma empresa “carbono zero” até 2040 e “eficiência energética e uso de fontes renováveis de energia, sempre que viável economicamente” é um dos caminhos listados pela operadora para alcançar essa ambição.
O Plano ESG 2024-2026 mantém as metas relacionadas ao tema: ser uma empresa “carbono zero” (escopos 1, 2 e 3) até 2040, ser “carbono neutro” (escopos 1 e 2) e reduzir as emissões do escopo 3 em 42% até 2030, tendo 2023 como ano-base.
A seguir, apresentamos três motivos porque a adoção de energias renováveis é vantajosa para as telecons:
- Eficiência operacional e redução de custos
As energias solar e eólica reduzem a dependência de combustíveis fósseis e os custos associados, como a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e a variação do dólar. A Agência Internacional para Energias Renováveis (Irena) aponta que 86% da capacidade das energias renováveis contratadas em 2022 teve custos mais baixos do que a eletricidade produzida a partir dos combustíveis fósseis.
No caso da Claro, por exemplo, a geração renovável atende 70% do consumo da empresa em baixa tensão. Isso abastece mais de 25 mil unidades consumidoras e mais de 70% das antenas da Claro.
Com contratos de longo prazo no mercado livre, a transição para fontes renováveis também pode proteger as empresas de telecomunicações contra a volatilidade dos preços de energia do mercado regulado, onde as hidrelétricas respondem por mais de 50% da oferta de eletricidade. Crises hídricas recentes mostraram os riscos associados à dependência de uma única fonte e como diversificar as opções pode resultar em economias significativas a longo prazo. Confira o guia de PPA da Atlas Renewable Energy
- Reputação corporativa e demanda dos consumidores
A sustentabilidade é uma crescente preocupação entre os consumidores. Segundo um relatório sobre o futuro da telefonia móvel elaborado pela GSMA, uma associação internacional que representa mais de 750 operadores de telefonia móvel no mundo, 73% dos consumidores consideram o meio ambiente em suas decisões de compra. Assim, a adoção de energias renováveis não só melhora a eficiência operacional, como também fortalece a reputação corporativa, tornando as companhias mais atrativas para consumidores e investidores.
- Contribuição para metas climáticas
A utilização de energias renováveis é crucial para que o setor de telecomunicações alcance suas metas de sustentabilidade e contribua para a redução das emissões globais de CO2. Com iniciativas como a geração distribuída, uso de baterias, PPAs e certificados de energia renovável, as TICs podem avançar em direção a operações mais verdes e sustentáveis.
Visão de futuro
Integrar energias renováveis nas operações das empresas de telecomunicações é uma resposta às pressões ambientais e econômicas e também uma estratégia inteligente para o futuro. As empresas que liderarem essa transição estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios operacionais e regulatórios, ao mesmo tempo em que atendem às expectativas dos consumidores e contribuem para um planeta mais sustentável.
Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar certificados de carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.