Ilustração de H2 no meio de uma floresta

O hidrogênio verde vem ganhando destaque por causa do seu potencial como uma fonte renovável de energia, com muitas vantagens, em especial, a versatilidade e a sustentabilidade. A seguir, conheça as perspectivas para o futuro do hidrogênio verde no Brasil e no mundo.

Fundamentos do hidrogênio verde

O hidrogênio é um combustível obtido com a separação das moléculas de oxigênio e hidrogênio presentes na água. Esse processo químico, chamado de eletrólise, é impulsionado com a força da energia elétrica.

No caso do hidrogênio verde, a energia utilizada é proveniente de fontes renováveis, como hidro, solar, eólica e biomassa.

O fato de não gerar gases poluentes na atmosfera é o que faz com que o hidrogênio seja chamado de “verde”, o que significa que ele também é sustentável, eficiente e menos danoso ao meio ambiente.

Quando obtido de fontes não renováveis, o hidrogênio ganha outras cores em sua classificação. O hidrogênio marrom é derivado do carvão mineral enquanto o hidrogênio cinza é produzido com gás natural.

Ao contrário dos combustíveis limpos, os combustíveis fósseis, como o carvão mineral e o gás natural, contribuem com a produção exorbitante de gases poluentes.

Leia também: O cenário da transição energética no Brasil

Aplicações e setores-chave para o hidrogênio verde 

Conheça as principais aplicações e os setores-chave para o hidrogênio verde:

Fertilizantes

Atualmente, quase toda a produção de fertilizantes nitrogenados é feita a partir de combustíveis fósseis, o que representa um desafio significativo para a sustentabilidade ambiental.

O Brasil, sendo um dos principais produtores agrícolas do mundo, enfrenta a necessidade de importar uma quantidade considerável de fertilizantes, incluindo amônia, de países como Rússia, Irã e Trindade e Tobago. Essa dependência externa ressalta a urgência de explorar alternativas mais sustentáveis para a produção de fertilizantes.

Nesse contexto, o uso de hidrogênio verde emerge como uma solução promissora. Ao invés de depender exclusivamente de gás natural e carvão, empresas estão direcionando esforços para utilizar o hidrogênio na produção de amônia e outros fertilizantes nitrogenados. Essa transição oferece vantagens significativas, não apenas em termos de redução das emissões de carbono, mas também em termos de segurança energética e autonomia para o Brasil, um país eminentemente agrícola.

A adoção do hidrogênio verde na produção de fertilizantes é de particular importância para o Brasil, que importa cerca de 90% da amônia utilizada na agricultura. 

Ao investir em tecnologias que promovem a produção local de fertilizantes sustentáveis, o país não apenas reduz sua dependência de recursos externos, mas também contribui para a mitigação das mudanças climáticas e para a construção de uma economia mais verde e resiliente.

Transporte sustentável 

A eletrificação dos veículos é uma tendência de consumo acompanhada pelas empresas. O hidrogênio verde ocupa um papel importante nesse processo de transformação.

Atualmente, já é possível usar o combustível para viagens de algumas horas, um experimento que deve ser aprofundado e expandido nos próximos anos. No Brasil, por exemplo, é alta a expectativa para o primeiro VLT movido totalmente a hidrogênio verde.

A expectativa é que, em breve, o novo combustível seja uma das soluções com melhor custo-benefício para estimular a mobilidade de longo alcance e para uso em transportes pesados, especialmente os que atuam no setor de cargas, minas e energia.

Indústria pesada 

A indústria é um dos segmentos que mais produzem gases poluentes. Por isso, investir em sustentabilidade nos seus processos é essencial.

Nas refinarias de petróleo, o hidrogênio verde já é utilizado de forma intensiva na produção de materiais refinados, como o diesel e a gasolina. Nas siderúrgicas, a produção do aço vem utilizando o combustível em substituição ao gás natural. Já na indústria química, o hidrogênio verde está, aos poucos, substituindo o hidrogênio marrom, além de atuar como ingrediente na fabricação de amônia.

Há um espaço significativo para a indústria brasileira se descarbonizar, convertendo o consumo de combustíveis fósseis para soluções de eletrificação via hidrogênio. Essa transição pode reduzir drasticamente as emissões de gases poluentes, promovendo um futuro mais sustentável e alinhado com as metas globais de redução de carbono.

Geração de energia 

O hidrogênio verde pode ser armazenado tanto na versão líquida quanto na versão gasosa. Ele pode, ainda, ser absorvido por outros materiais e transportado de um ponto a outro do país.

A fácil adaptação e a versatilidade permitem que o hidrogênio verde seja guardado para uso em situações emergenciais, na carência ou ausência de energia, e como complemento de baterias, por exemplo.

Desafios enfrentados pelo hidrogênio verde 

Apesar das muitas vantagens do hidrogênio verde, a produção e o consumo do combustível em grande escala ainda esbarram em alguns desafios, como a viabilidade econômica, o arcabouço regulatório e uma maior escala da indústria.

O hidrogênio verde é obtido por meio da eletrólise, que demanda muita energia elétrica e técnica para ser executado com o máximo de eficiência.

Essas características elevam os custos envolvidos na produção, consumo, transporte e armazenamento do hidrogênio e requerem novas soluções como o transporte via amônia ou via eletricidade, através do sistema interligado nacional. As pesquisas e os investimentos também são fundamentais para endereçar esses desafios e fomentar o seu avanço.

É o que muitos países têm feito, estimulados não só pelos benefícios climáticos do hidrogênio verde, mas também pelos impactos econômicos no desenvolvimento de uma nova indústria, na geração de empregos e na maior independência energética.

Além da adequação aos novos requisitos de emissões e sustentabilidade para a indústria, pelos mercados internacionais como a União Europeia.

Leia também: Energias renováveis como protagonistas na estratégia dos CFO

Iniciativas globais e investimentos

O que o mundo está fazendo para ampliar a produção e o consumo do hidrogênio verde? Confira:

Projetos e iniciativas

A criação de projetos e iniciativas para fomentar a economia derivada do hidrogênio verde é uma parceria que envolve o governo de vários países e também instituições privadas.

A União Europeia, por exemplo, está estudando a capacidade do hidrogênio verde de auxiliar na fabricação de alumínio e aço. O bloco econômico também está realizando investimentos na área em outros mercados, como no Brasil.

Pesquisadores vêm discutindo o uso do hidrogênio verde na fabricação do ferro em substituição ao carvão mineral, uma alternativa que reduziria significativamente a poluição e as emissões de gases poluentes pela indústria.

No Brasil, em 2022, o Conselho Nacional de Política Energética criou um programa para desenvolver a economia gerada pelo hidrogênio verde — Programa Nacional de Hidrogênio (PNH2).

Investimentos e perspectivas de mercado 

No final de 2023, a Fortescue anunciou um investimento de 5 bilhões na produção de hidrogênio verde no Nordeste do Brasil, região com maior potencial para energias renováveis.

De acordo com a Deloitte Consultoria, cerca de 9 trilhões de dólares deverão ser injetados no Brasil nos próximos anos para ampliar as pesquisas sobre hidrogênio verde, seja por iniciativas públicas ou privadas.

Apesar dos obstáculos, a expectativa para o fortalecimento do hidrogênio verde no mercado é grande e muito positiva. Ainda assim, é preciso reiterar a necessidade de ações estratégicas rígidas, como:

  • definição de marcos regulatórios seguros;
  • investimentos reais em logística de transporte de hidrogênio verde;
  • incentivos fiscais para reduzir os custos das fontes renováveis, tornando-as competitivas em comparação com as fontes convencionais;
  • definição de metas para consumo de produtos feitos a partir de hidrogênio verde.

Seja na geração de energia, na mobilidade sustentável, na transformação da indústria, na criação de tecnologias e na formação de novos negócios, o hidrogênio verde será, em breve, o centro das atenções.

Atlas Renewable Energy: solução em energia sustentável

O hidrogênio verde é o combustível do futuro, mas já está transformando o nosso presente.  Por isso, a Atlas está na vanguarda dos estudos e do desenvolvimento de soluções inovadoras para o hidrogênio verde.

Oferecemos tanto fornecimento de energia renovável para a produção de hidrogênio quanto apoio à adequação das empresas e grandes consumidores nessa transição importante. 

Venha conhecer nossas soluções e prepare sua empresa para investir no futuro sustentável do hidrogênio verde.

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Os CFOs lideram uma revolução rumo à sustentabilidade: os contratos de compra de energia renovável tornaram-se peças centrais em suas estratégias financeiras e ambientais.

O papel do Chief Financial Officer (CFO) evoluiu significativamente, impulsionado pela transformação digital e pelo crescimento do setor financeiro. A capacidade de se relacionar com todos os stakeholders e de compreender as regulamentações é fundamental nas decisões de um CFO.

O CFO moderno transcende a expertise técnica: seu papel diversificou-se, tornando-o um profissional estratégico e multifacetado. Mais do que se concentrar apenas em números e finanças, espera-se que os CFOs possuam competências interpessoais que lhes permitam cultivar a colaboração e a empatia. Um artigo recente da revista Forbes descreve o CFO como o “copiloto” do CEO, destacando seu papel integral na liderança corporativa.

Os CFOs de hoje enfrentam o desafio de não apenas lidar com as áreas táticas e estratégicas tradicionais, mas também demonstrar flexibilidade e visão de futuro para antecipar cenários. Essa adaptabilidade é essencial, dada a crescente complexidade do ambiente de negócios.

Em uma era de digitalização acelerada, a EY América Latina enfatiza a importância dos CFOs adotarem novas tecnologias para impulsionar a eficiência e a rentabilidade das empresas. Essencialmente, os CFOs são cada vez mais responsáveis pela geração de valor, um conceito-chave para a sustentabilidade empresarial.

A Importância das Políticas ESG na Tomada de Decisão dos CFOs

A alavancagem financeira sempre foi fundamental para o crescimento das empresas. Agora, há um componente adicional: o acesso ao crédito das empresas depende cada vez mais de seu compromisso com as políticas ESG (Governança ambiental, social e corporativa).

Até recentemente, a sustentabilidade ambiental ou social de uma empresa era avaliada apenas pelas agências de classificação de crédito. Hoje, é uma exigência dos investidores institucionais. “Alguns dos grandes gestores de ativos, especialmente aqueles com fundos passivos (como Vanguard, State Street, BlackRock) e alguns ativos, desenvolveram equipes especializadas e metodologias internas para atribuir suas próprias classificações de sustentabilidade”, indica o banco BBVA.

Os investidores agora avaliam as políticas de sustentabilidade das empresas. A adesão a essas políticas permitirá uma participação mais efetiva no mercado de capitais, segundo o Conselho Empresarial Colombiano para o Desenvolvimento Sustentável (Cecodes). Portanto, os princípios ESG devem estar no cerne da estratégia de todo CFO.

Quais instrumentos financeiros estão relacionados às medidas de sustentabilidade? “Há uma variedade crescente de produtos para empresas que atendem aos padrões ESG”, confirma o Banco Santander. Quatro desses produtos incluem:

  • Fundos de investimento sustentáveis: organizações que alocam recursos em projetos após avaliar diversos critérios, como esforços de inovação e melhorias na eficiência energética ou nas condições sociais.
  • Green bonds e social bonds: títulos de dívida destinados a financiar projetos ambientais ou socialmente responsáveis.
  • Capital de risco social: fundos que investem em empresas com a missão de resolver problemas sociais ou ecológicos, buscando tanto retornos econômicos quanto sociais ou ambientais.
  • Empréstimos verdes: produtos financeiros desenvolvidos para financiar projetos que preservem o meio ambiente, como a produção de eletrodomésticos mais eficientes ou veículos menos poluentes.

PPAs de Energia Renovável Corporativos: Um Ativo-Chave para os CFOs

Iniciativas que promovem a transição energética (de combustíveis fósseis para energias limpas) são cada vez mais relevantes para investidores e, gradualmente, para consumidores também.

Por exemplo, a redução das emissões de CO2 será decisiva para o comércio de algumas empresas com a Europa. De fato, a Comissão Europeia está em processo de adotar um Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM) que impedirá a importação de bens produzidos com mais CO2 do que o permitido nos mercados internos da União Europeia, um dos padrões mais rigorosos do mundo.

Portanto, se uma mineradora que extrai cobre produzir mais toneladas de CO2 do que o permitido pelas políticas ambientais da UE, o cobre extraído não poderá ser vendido em nenhum dos 27 países da UE. Diante disso, muitas empresas latino-americanas precisarão aumentar seu consumo de energias renováveis, que são menos poluentes.

Os CFOs estão cientes dessas mudanças? Javier Bustos acredita que sim. Bustos é o CEO da Associação de Consumidores de Energia Elétrica Não Regulados (ACENOR), que agrupa empresas chilenas consideradas ‘clientes livres’ em termos de serviço elétrico (ou seja, sua potência conectada é superior a 500 kW e, portanto, podem gerar sua própria eletricidade ou contratar o fornecimento diretamente de geradores).

“As empresas estão buscando cada vez mais o acesso ao fornecimento de energia elétrica renovável [por meio de contratos bilaterais de compra de energia (PPAs)], com o objetivo de cumprir suas próprias metas de redução da pegada de carbono, bem como para competir internacionalmente”, observa Bustos sobre os preços mais baixos encontrados nas energias renováveis.

“Recentemente, vimos como grandes clientes elétricos industriais e de mineração renegociaram ou assinaram novos contratos para garantir que recebam fornecimento renovável”, diz Bustos. “Na ACENOR, estimamos que pelo menos 60% da energia contratada por nossos associados já seja renovável e continue crescendo a cada ano.”

Para Bustos, é recomendável que as empresas que se qualificam como clientes livres “continuem impulsionando a contratação de energia renovável, pois a perspectiva do CFO é muito relevante para incorporar esse tipo de fornecimento ao portfólio de consumo”.

Estabilidade, preços competitivos e descarbonização para atingir metas ESG: o CEO da ACENOR observa que as grandes empresas preferem fechar contratos de PPA em vez de ficarem expostas às flutuações dos preços do mercado ou dependerem do fornecimento de uma distribuidora de energia elétrica.

Quais são os prazos? “Aproximadamente um terço dos contratos de clientes livres no Chile têm duração de pelo menos 15 anos. O restante são predominantemente contratos de 5 a 10 anos”, responde.

Pontos-Chave: Um Guia Prático para os Desafios da Sustentabilidade

Em resumo, é recomendável que o Chief Financial Officer considere os critérios ESG ao formular sua estratégia. Um artigo publicado pela consultoria PWC destaca quatro dimensões dos papeis desses altos executivos e sua relação com as políticas de sustentabilidade:

Visionário estratégico: o CFO entende e orienta a relação entre pessoas, ecossistemas e rentabilidade para identificar riscos e oportunidades em sustentabilidade e integrá-los a uma estratégia de longo prazo.

Colaborador inclusivo: o CFO constroi redes entre unidades de negócios, fornecedores, vendedores e outros stakeholders para manter um compromisso com a sustentabilidade.

Catalisador da transformação: o CFO alinha a estratégia de negócios, a empresa como um todo e sua cultura com uma agenda sustentável comum.

Comunicador firme: o CFO tem acesso a informações financeiras e não financeiras da organização; portanto, pode criar um programa de sustentabilidade credível com informações confiáveis.

Outro aspecto crítico é que os CFOs identificaram todos os stakeholders relevantes de uma empresa, além dos acionistas.

“Atualmente, os CFOs reconhecem que não são apenas os acionistas que exigem informações financeiras e não financeiras relacionadas com questões ESG; também as partes que têm um impacto interno ou externo na organização”, afirma a PWC.

Conclusão

Questões ambientais e sociais requerem um forte compromisso das empresas na concepção de políticas ESG (governança ambiental, social e corporativa). Para tanto, os diretores precisam da capacidade de se adaptar rapidamente às novas tendências, incluindo a promoção da transição energética.

Nesse contexto, os contratos de fornecimento de energia renovável são uma ferramenta estratégica para os CFOs alcançarem objetivos ambientais, como a redução das emissões de CO2.

Os acordos de compra de energia limpa ajudam as empresas a atingir suas metas ESG – o que pode proporcionar maior acesso a instrumentos financeiros e, em muitos casos, melhorar a reputação junto aos consumidores. Além disso, eles também oferecem economia duradoura, pois são acordos estáveis, de longo prazo e com preços competitivos.

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

Com o declínio contínuo do custo da energia renovável, as empresas estão aproveitando contratos de fornecimento flexíveis e estruturas de acordos personalizadas para aumentar a competitividade e alinhar a aquisição de energia com seus perfis de consumo únicos

O cenário da energia renovável passou por uma notável transformação nos últimos anos, com a geração eólica e solar fotovoltaica emergindo como as fontes de eletricidade mais rentáveis globalmente. Apesar das pressões inflacionárias que impactaram todos os setores da economia em 2022, o Custo Nivelado de Energia (LCOE) para essas tecnologias limpas manteve sua trajetória descendente conforme esperado.. 

Um relatório da Agência Internacional para Energia Renovável (IRENA) relata que o LCOE médio global para parques eólicos comissionados em 2022 caiu 5% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 33 por MWh, enquanto projetos solares fotovoltaicos registraram uma queda de 3%, chegando a US$ 49 por MWh.

A IRENA destaca a notável progressão de custos dessas tecnologias ao evidenciar que, em 2010, o LCOE médio global da energia eólica era 95% superior ao custo mais baixo da geração baseada em combustíveis fósseis. No entanto, em 2022, a mesma métrica para novas usinas eólicas despencou para 52% abaixo das soluções mais baratas baseadas em combustíveis fósseis. É crucial observar que essa comparação considera apenas fatores econômicos, excluindo os benefícios ambientais associados à produção de energia limpa e seu papel na mitigação das emissões de CO2.

Impulsionados por essa economia favorável e por um compromisso crescente com a sustentabilidade, os atores do setor privado na América Latina estão cada vez mais recorrendo a Acordos de Compra de Energia Renovável (PPAs). Esses contratos de longo prazo normalmente oferecem preços mais baixos para os consumidores, além de estabilidade de fornecimento e taxas mais competitivas em comparação a acordos com distribuidoras de energia elétrica ou a volatilidade de preços inerente aos mercados à vista.De acordo com um relatório da Bloomberg NEF, empresas privadas e instituições públicas assinaram contratos garantindo um recorde de 36,7 GW de energia renovável para alimentar suas operações em 2022, representando um aumento de 18% em relação ao ano anterior. Os países das Américas desempenharam um papel de liderança nesse aumento, assinando contratos para 24,1 GW – 18% a mais que em 2021. Na América Latina, empresas de mineração em busca de energia limpa para alimentar operações em áreas remotas do Chile e do Brasil têm sido um impulsionador fundamental da atividade de PPAs.

Diferentes modelos e estruturas com base nas necessidades

Os PPAs estabelecem os termos, volumes de energia e critérios comerciais do acordo, como a flexibilidade da curva de consumo, permitindo ajustes operacionais com base nas flutuações de demanda sazonais do comprador.

Esses contratos oferecem vários benefícios às empresas: assegurar preços mais competitivos em comparação com as ofertas de mercado, garantir segurança e continuidade do fornecimento e aprimorar a imagem corporativa por meio do consumo de energia limpa.

Embora esses aspectos sejam comuns em todos os PPAs renováveis, existem vários modelos e tipos de contratos disponíveis para atender às necessidades específicas das empresas. A estrutura de um PPA pode variar com base em fatores como a moeda da compra de energia (dólar americano ou moeda local), o arranjo de fornecimento (slots de tempo específicos ou 24 horas por dia, 7 dias por semana) e a natureza física ou financeira do acordo.

Normalmente podemos falar de um contrato PPA físico quando a energia gerada por uma central de energia renovável é entregue diretamente ao comprador, através da rede de transmissão, e de um PPA financeiro ou virtual, que não envolve a entrega física de eletricidade, mas sim, ocorre quando as partes acordam um preço contratual e os pagamentos são trocados com base na diferença entre o preço contratual e o preço de mercado da electricidade.

Existem também estruturas de contratos que variam em função da necessidade energética do cliente, localização, decisão de depender de rede elétrica tradicional, entre outros fatores..

Modelos de PPAs e Estruturas de Acordos

Além das condições padrão, vários modelos de contratação inovadores e estruturas de acordos de energia surgiram para se alinhar melhor com as metas de mercado e os requisitos de energia dos consumidores. Veja abaixo:

  • Autogeração por Equiparação: neste modelo de PPA, a parte contratante assume um papel mais ativo ao formar uma associação com o vendedor de energia para o desenvolvimento de um parque solar ou eólico. Ambas as partes compartilham os benefícios e os encargos financeiros, e a empresa consumidora de energia se torna investidora do projeto. As economias de custo podem chegar a 80%: em vez de pagar por 90 MW, o autoprodutor pagará por 12 a 15 MW.

Outra forma de contratação é quando a empresa consumidora assume 100% do ativo renovável, como acontece com o modelo BOT (construir, operar e transferir).

  • Build, Operate, and Transfer (BOT): neste modelo, o gerador de energia se compromete a construir e operar o ativo renovável por um determinado período antes de transferir a propriedade para a contraparte. Essa abordagem permite que o comprador de energia evite os riscos econômicos e financeiros associados à construção de um parque eólico ou solar fotovoltaico.

Por outro lado, devido à depreciação dos custos das baterias – que sofreram uma queda de 14% em 2023 face ao ano anterior – atingindo um mínimo histórico de $139/kWh – segundo a BloombergNEF (BNEF), inicia um terceiro modelo de contratação está ganhando espaço: Acordo de Pedágio – Tolling Agreement, em inglês.

  • Acordo de Pedágio (Tolling Agreement): consiste em uma espécie de contrato de compra e venda onde o consumidor aluga uma parte de seu bem ao gerador de energia.. 

É importante para o consumidor que a central de energia renovável seja gerenciável; daí a necessidade de ter armazenamento a partir de baterias, para poder assumir os compromissos de envio que chegam do operador da rede, seja em tempo real ou com um dia de antecedência.

Outra opção que podemos destacar tem a ver com associações entre empresas de consumo, conhecidas como “Autoprodução por Consórcio e Leasing”:

  • Autoprodução por Consórcio e Arrendamento: neste modelo, um grupo de empresas forma um consórcio para arrendar uma usina de geração renovável, compartilhando custos e benefícios. O arrendamento é pago mensalmente e corresponde ao custo da energia que o consumidor recebe.
  • Contratos Behind-the-Meter: essa modalidade envolve a instalação de uma central de produção de energia renovável (geralmente solar fotovoltaica) no local de operação de uma empresa, como telhados ou em suas proximidades. 

Nesta modalidade de contrato, a empresa paga apenas uma tarifa de eletricidade pré-determinada por um período de tempo

O fornecedor de energia é responsável pela compra, instalação e operação do projeto. Ele venderá a energia a um preço fixo ao comprador, que é mais barato do que o da rede. É uma situação onde ambos ganham – onde a empresa fornecedora consegue amortizar o projeto e obter rentabilidade durante os anos de contrato, e o consumidor acaba pagando uma tarifa de energia elétrica menor. Ao final do contrato, a contraparte poderá ter a opção de compra do equipamento.

Certificados de Carbono: Uma Abordagem Alternativa

Outra forma de adquirir energia limpa é através dos Certificados de Energia Renovável (I-RECs), que surgiram como uma maneira prática para as empresas compensarem sua pegada de carbono com base no consumo de energia, sem se comprometer com um contrato de longo prazo. 

Cada I-REC equivale a 1 MWh de energia e visa neutralizar as emissões de carbono, ajudando as empresas a atingir a meta de escopo 2 do Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GHG). 

O I-REC Service é um sistema global para monitoramento de atributos de energia ambiental que foi desenvolvido para facilitar a compensação fiável da pegada de carbono emitida pelas empresas, apoiado por padrões internacionais de contabilização de emissões de carbono.Essa modalidade vem ganhando cada vez mais presença em países como Argentina, Chile, Colômbia, México e Brasil.

A análise é fundamental para tomada de decisão

Para tomar decisões informadas sobre a aquisição de energia renovável, as empresas devem avaliar minuciosamente seus padrões de consumo e entender claramente qual tipo de contrato e estrutura melhor atende às suas necessidades.

A Atlas Renewable Energy, com sua presença global, combina as melhores práticas de diferentes países com um profundo conhecimento das especificidades do mercado local para fornecer consultoria abrangente aos seus clientes.

Exemplos notáveis dos sucessos da Atlas Renewable Energy em PPAs incluem um contrato de 15 anos com a estatal chilena de cobre CODELCO, que receberá 375 GWh por ano de um parque solar com armazenamento em bateria a partir de 2026, por um período de 15 anos a fim de garantir estabilidade e confiabilidade no fornecimento de energia elétrica. 

No Brasil, foi fechado um acordo inovador com a fabricante de alumínio Albras. Este é o maior acordo de fornecimento de energia solar da América Latina. Para a sua construção, a empresa obteve um empréstimo de USD 447,8 milhões (equivalente a R$ 2.180 milhões) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o maior empréstimo em dólares concedido pela entidade para energias renováveis ​​até o momento.

O acordo consiste na montagem da central solar Vista Alegre, com capacidade de 902 MWp, que terá capacidade para produzir em média 2 TWh por ano. O contrato com a Albras será prorrogado por um período de 21 anos e o fornecimento de energia elétrica terá início em 2025. Este é o maior PPA assinado até hoje.

A novidade é que este é o segundo PPA que a fabricante de alumínio assina com a Atlas Renewable Energy. Anteriormente, celebrou um contrato de energia de 20 anos que será abastecido com a usina solar Boa Sorte de 438 MW, que irá gerar 815 GWh anualmente.

Conclusão

A crescente adoção de PPAs renováveis em todo o mundo pode ser atribuída ao seu triplo impacto: preços mais competitivos em comparação com as ofertas de mercado, fornecimento assegurado por um período determinado e uma imagem corporativa aprimorada por meio do consumo de energia limpa, que compensa a pegada de carbono e reforça a reputação ambiental e social.

No entanto, dadas as características únicas do consumo de eletricidade e da estratégia de fornecimento de energia de cada empresa, buscar orientação adequada sobre o tipo de PPA mais adequado é crucial. 

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

Mais do que gerar energia renovável, empreendimentos eólicos e solares têm o potencial de promover uma verdadeira revolução em diversas áreas da economia brasileira. Desde a descarbonização da indústria e posicionamento do país no mercado global de produtos verdes até a geração de emprego e distribuição de renda, os efeitos diretos e indiretos dos investimentos renováveis vão muito além do que se imagina.

Adicionar mais energia limpa não seria mais caro para o Brasil do que os planos atuais para expandir a geração com combustíveis fósseis. Um aumento nos investimentos em energias renováveis teria custos iniciais mais elevados para geração, transmissão e armazenamento de energia. No entanto, de acordo com um relatório do Banco Mundial, esses custos seriam totalmente recuperados com a economia nos gastos com combustíveis e custos operacionais. Da mesma forma, uma transição no transporte e na indústria em direção a uma maior eletrificação e hidrogênio verde e outros combustíveis verdes, produzido com energia eólica e solar em vez de gás, não aumentaria os custos para a economia.

Os projetos de geração eólica e solar estão em plena expansão no Brasil, correspondendo atualmente a pouco mais de 21% da capacidade de geração de energia do país. A abundância de recursos naturais e as áreas que permitem a instalação de grandes usinas têm atraído investimentos privados em diversas regiões.

Mais do que gerar eletricidade renovável, esses empreendimentos promovem efeitos diretos e indiretos em diversas áreas: infraestrutura, economia local, geração de emprego e distribuição de renda.

Fabio Bortoluzo, diretor geral da Atlas Renewable Energy no Brasil, conta que a expansão de renováveis, solar e eólica, está transformando diferentes segmentos da economia brasileira, desde o setor primário, como extração mineral e agropecuária, até a indústria pesada, passando também pelo setor de serviços.

“As energias renováveis são impulsionadoras de novos investimentos em todos os setores que dependem de energia, seja os intensos em energia, como mineração, seja os de consumo de energia mais baixo. Antes dependiam muito de subsídios para competir com as fontes fósseis, mas hoje, elas já têm capacidade para chegar em preço mais competitivo”, afirma.

Além de essa energia competitiva se traduzir em custos mais baixos para os clientes, também existem outros benefícios associados.

Ao contratar energia direto de um gerador, como a Atlas, o cliente – seja ele uma grande indústria, um datacenter, uma rede de supermercados ou um produtor rural – assina um contrato de fornecimento personalizado, que vai trazer segurança e flexibilidade, deixando mais tempo para dedicar ao próprio negócio.

“ O principal objetivo da Atlas é apoiar os seus clientes na transição energética. Os clientes querem energia renovável e competitiva. Além do preço, eles querem uma estrutura contratual que se adeque aos seus outros riscos, como exposição cambial e à curva horária. A Atlas busca desenvolver os melhores projetos em questão de produtividade da energia gerada, custo de implantação, custo de estruturação financeira, estrutura de comercialização e gestão, e operação dos ativos. Ao trabalhar em todas essas frentes, criamos o melhor produto para o cliente: a energia mais eficiente. E o apoiamos nos seus objetivos de transição energética e descarbonização”, detalha o diretor da Atlas. 

Oportunidades e desafios

O avanço dos projetos renováveis estão ajudando a baratear a transição energética e podem deixar a indústria brasileira cada vez mais competitiva, inclusive no cenário internacional, onde mercados como o da União Europeia estão criando mecanismos para precificar a sustentabilidade dos produtos que entram em seu território.

Enquanto isso, novas demandas energéticas vão surgindo todos os dias. Um exemplo são os projetos de produção de hidrogênio e amônia verdes, que precisarão de novas capacidades eólicas e solares para o processo de eletrólise. 

De acordo com a análise do Banco Mundial, o Brasil possui uma grande vantagem competitiva no crescente mercado mundial de bens e serviços mais ecológicos. Seu setor privado já é competitivo em vários segmentos necessários para a transição de combustíveis fósseis para energias renováveis. Ou seja, o país tem todas as condições de ingressar nos mercados de produtos de energia solar, expandir-se em direção ao hidrogênio verde e se beneficiar de seus importantes depósitos de minerais relevantes para a transição energética.

As oportunidades são muitas, mas os desafios também. Bortoluzo pontua que é preciso superar questões como custo de capital, infraestrutura de transmissão e planejamento energético. 

“Transmissão e distribuição de energia são fatores vitais no custo total de energia para os consumidores. Há um desafio muito grande de otimizar o sistema elétrico, especialmente na transmissão, e ter uma capacidade de abrangência no território que é vasto,  uma capacidade de intercâmbio entre as regiões para que a energia flua e a gente não tenha tanta restrição. O próprio planejamento é vital para podermos alocar melhor os projetos, e para que essa energia chegue nas regiões consumidoras de maneira mais barata possível”, explica. 

Além disso, ele observa que o crescimento das renováveis, especialmente na geração distribuída, está aumentando os desafios do planejamento do setor elétrico, que precisa passar por mudanças para otimizar a capacidade de despacho das plantas, tanto de geração centralizada quanto distribuída.

Neste sentido, as baterias para armazenamento de energia renovável prometem ser “game changers”, ajudando a aliviar a pressão das infraestruturas de transmissão.  

Como as fontes renováveis são intermitentes, ou seja, dependem de condições climáticas para fornecer eletricidade, a integração de sistemas de armazenamento, como a bateria, para regular essa intermitência e potencializar ainda mais o papel da eólica e solar no mix energético, vem ganhando mais destaque. 

Segundo Bortoluzo, embora promissoras, há um longo caminho até que as baterias estejam disponíveis no mercado brasileiro. Primeiro, é necessário criar uma regulação que facilite a importação e fabricação desses sistemas por aqui. 

“Isso vai, com certeza, destravar muitos investimentos em projetos renováveis e vai destravar a competitividade de toda a economia brasileira, não só da indústria, no  quesito de custo de energia renovável. É uma  economia que estará bem servida de energia  competitiva e limpa. Acho que, se vencermos esses desafios de custo, aceleramos esse processo e tornaremos o Brasil ainda mais competitivo”. 

Além da energia: os benefícios sociais

As pessoas que vivem nas regiões que abrigam os grandes parques solares também sentem os impactos dos projetos da Atlas. Só a fase de construção de um parque emprega cerca de três mil pessoas, podendo chegar a cinco mil postos de trabalho se considerar os empregos indiretos.

Além de dar preferência à contratação de profissionais e fornecedores locais, todos os projetos da Atlas têm critérios ESG (ambiental, social e de governança elevados). Através do Estudo de Impacto Social e Ambiental, a empresa mapeia as oportunidades para promover benefícios de longo prazo na região e desenvolve diversas iniciativas de capacitação para que, mesmo após o encerramento das obras, a geração de valor continue. 

Um exemplo vem do município de Juazeiro, Bahia, onde está instalado o parque solar Jacarandá. A empresa desenvolveu o projeto Ed-Mundo para capacitar meninos e meninas entre 13 e 17 anos em tecnologia da informação e empreendedorismo.

“Muda a vida de jovens, dá oportunidades não só relacionadas a trabalhos em obra civil e eletromecânica, mas também em digitalização e empreendedorismo. Entendemos que esses trabalhos têm impactos mais perenes e duradouros nessas regiões, que usualmente são menos desenvolvidas economicamente”, conta Bortoluzo.

Outro exemplo é a iniciativa de profissionalização feminina “Somos Parte da Mesma Energia”, que já está em sua quinta edição no complexo solar Vista Alegre, em Minas Gerais.

Criado em 2019 para oferecer treinamentos especializados e preparar mulheres para oportunidades de emprego nas regiões onde moram, o programa já treinou mais de 700 profissionais no Brasil, México e Chile. A meta da Atlas é potencializar a representação feminina nas construções solares, que em geral é de 2%, para 15%. 

“A gente entende que trazer as mulheres para esse mercado de trabalho é vital não só para elas, mas para todos da região”.

Esses projetos são amostras de como todo este trabalho em conjunto com a comunidade, os fornecedores locais e o governo gera impacto econômico e desenvolvimento a longo prazo para as comunidades, inclusive com a inserção de novas pessoas no mercado de trabalho.

Ou seja, os investimentos em energia renováveis carregam efeitos que vão muito além do fornecimento de eletricidade descarbonizada. Eles se traduzem em mais competitividade para a indústria, comércio e prestação de serviços; em inclusão social e distribuição de renda; em investimentos em infraestrutura e tecnologia; além, é claro, de uma matriz mais limpa e amigável ao clima global. 

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

 A Colômbia avança rumo às energias limpas com a rota da Transição Energética Justa. É um caminho repleto de desafios e oportunidades, onde o objetivo é alcançar um desenvolvimento justo e sustentável para todos.

A Colômbia está em um processo de transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis. 

A geração de eletricidade no país depende em 70% de fontes hidrológicas, consideradas fontes renováveis não convencionais. No entanto, quando se observa a matriz energética como um todo, os hidrocarbonetos, como petróleo, gás natural e carvão, ainda desempenham um papel predominante.

Em 2022, o setor petrolífero contribuiu com $18,16 bilhões aos cofres da nação, representando 1,3% do PIB, com previsão de aumentar  para 2,2% em 2023, graças à reforma tributária e a um cenário favorável para as vendas desse combustível. Além disso, segundo a Associação Colombiana de Petróleo e Gás (ACP), as exportações do setor representaram 40% das vendas totais ao exterior.

Esses números evidenciam a dependência econômica do país em relação aos hidrocarbonetos, um desafio significativo para a transição para as energias renováveis.

Apesar dessa dependência, a capacidade instalada de geração de energia renovável tem crescido de forma constante.

Segundo a Associação de Energias Renováveis SER Colômbia, em 2023, a entrada de 25 projetos solares em funcionamento impulsionou em 70% a capacidade instalada em comparação aos anos anteriores.

Esses avanços são um passo positivo em direção à sustentabilidade, mas a Colômbia ainda enfrenta desafios importantes em seu esforço para transformar sua matriz energética em opções mais limpas e sustentáveis.

Essa transformação não só implica mudar a mistura das fontes de energia, como também aumentar a produção energética total de maneira sustentável e respeitosa ao meio ambiente.

Para guiar esse processo de transformação, o governo elaborou uma série inicial de quatro documentos que compõem a rota para a Transição Energética Justa (TEJ) na Colômbia. Esse conjunto de documentos, alinhados com o Plano Nacional de Desenvolvimento 2022-2026, detalha os compromissos e ações para alcançar o ambicioso objetivo de ter 50% do suprimento energético do país proveniente de fontes renováveis até 2030.

Transição Energética Justa: eixos e princípios

A Transição Energética Justa (TEJ) é um objetivo fundamental do governo colombiano. A meta é avançar para o uso de energias sustentáveis, garantir a soberania energética e assegurar o acesso à energia para todos os cidadãos, além de enfrentar o desafio das mudanças climáticas.

A Transição Energética Justa se baseia em quatro princípios:

  • Equidade: a TEJ busca democratizar o acesso e a gestão dos recursos energéticos com modelos associativos que garantam preços justos. Além disso, fundamenta-se no respeito aos ecossistemas e em uma gestão energética que minimize o impacto na sociedade e no meio ambiente.
  • Gradualidade, soberania e confiabilidade: o objetivo é substituir gradualmente as fontes de energia poluentes por alternativas mais limpas, como as renováveis. A meta é diversificar a matriz energética, alcançar a autossuficiência energética nacional e garantir um fornecimento confiável que atenda à crescente demanda interna.
  • Participação social vinculante: incentiva a criação de comunidades energéticas baseadas em características culturais, étnicas, territoriais e produtivas, para que os cidadãos participem como consumidores e geradores na cadeia de valor elétrica.
  • Transição energética intensiva em conhecimento: a transição deve ser guiada por critérios científicos, técnicos e sociais a fim de garantir sua eficiência, sustentabilidade e justiça, e para evitar efeitos prejudiciais à sociedade e ao meio ambiente.

Esses princípios visam garantir que a TEJ seja justa, equitativa e sustentável, e que ninguém fique para trás no processo da mudança energética.

Rota da Transição Energética Justa

Em um documento dividido em quatro partes, o Ministério de Minas e Energia da Colômbia apresenta uma estratégia detalhada para alcançar uma Transição Energética Justa.

Além disso, comprometido com a transparência e a inclusão, o governo convidou a população a participar do desenvolvimento dessas políticas. Para isso, ofereceu esses documentos à opinião pública, permitindo que os cidadãos fizessem observações, comentários e propostas em um formulário, cujo prazo terminou em 24 de setembro de 2023.

Após o encerramento desse período, trabalha-se em uma nova versão dos documentos, que incorporará as contribuições das comunidades.

Os quatro componentes do roteiro incluem:

  1. Sistematização dos diálogos sociais nacionais

Os resultados das 27 sessões de consulta social e cidadã sobre a estratégia e os objetivos da transição energética são registrados, com a participação de mais de 2.000 pessoas. Essa participação é crucial para que a transição energética seja justa e equilibrada, e para que considere as necessidades e expectativas da sociedade.

  1. Diagnóstico base para a TEJ

O contexto da transição energética na Colômbia é descrito. Estrutura-se em várias seções: uma introdução à Transição Energética Justa, as tendências globais da transição energética e suas implicações para a Colômbia, e o marco normativo do projeto. Também aborda o crescimento das energias renováveis e sua importância na transição energética.

  1. Cenários nacionais para a TEJ

Aqui, o foco é identificar as ações-chave para realizar uma transição energética justa na Colômbia até 2050. Vários eixos estratégicos voltados ao setor industrial são abordados, incluindo a transição para energéticos de baixas e zero emissões, o desenvolvimento e a promoção de políticas públicas para impulsionar a eficiência energética e o incentivo à reindustrialização.

O documento também considera variáveis econômicas como o PIB e a intensidade energética (a relação entre consumo de energia e atividade econômica). Além disso, as estratégias e os planos relacionados à mobilidade sustentável e elétrica, o desenvolvimento ferroviário e a estratégia climática de longo prazo da Colômbia para cumprir o Acordo de Paris são apresentados.

  1. Potencial energético subnacional e oportunidades de descarbonização em usos de energia final

O documento aborda temas como a demanda de energia no setor industrial, a participação e os principais usos dos energéticos na indústria, a eficiência energética e os distritos energéticos no setor industrial.

Ele também aborda a descarbonização da indústria; para isso, propõe-se substituir os combustíveis fósseis por matérias-primas com baixo teor de carbono ou sem carbono, como os Padrão de Combustível de Carbono Baixo (LCFS, sigla em inglês). Nesse sentido, propõe-se o uso de combustíveis e matérias-primas flexíveis ou à base de hidrogênio, biocombustíveis, alimentos, energia solar, nuclear e geotérmica.

Programas Estratégicos para a Transição Energética Justa

Após a apresentação do roteiro, o plano é executar uma série de programas para avançar na transição energética. De acordo com o documento apresentado pelo Ministério de Energia, os programas são os seguintes:

  1.  Comunidades Energéticas

Projetos de energia solar, eólica e bioenergia serão incentivados para abastecer comunidades energéticas. Além disso, serão criados distritos energéticos industriais.

  1. Expansão das Energias Renováveis

A interconexão elétrica nacional e regional na América Latina será promovida, juntamente com o desenvolvimento de tecnologias de energia solar, eólica, bioenergia, geotérmica, pequenas centrais hidrelétricas e sistemas de armazenamento de energia. O desenvolvimento do hidrogênio verde e a produção de amônia e fertilizantes verdes também serão promovidos.

  1. Gás Natural para a Transição Energética

Serão desenvolvidas infraestrutura de suporte para o gás natural e seu fornecimento, juntamente com a implantação de tecnologias de captura, uso e armazenamento de carbono (CCUS).

  1. Mobilidade Sustentável

Serão promovidos o transporte terrestre de massa, o transporte fluvial e o uso de biocombustíveis avançados para o transporte marítimo e a aviação.

  1. Eficiência Energética

Serão implementadas medidas para melhorar a eficiência energética em todos os setores econômicos e para os usuários finais.

  1. Intensificação do Conhecimento e da Indústria Nacional no Setor Minerador-Energético

Será criado o Instituto Nacional de Transição Energética, dedicado à pesquisa aplicada e ao desenvolvimento industrial, com núcleos regionais focados em energias renováveis, eficiência energética, implantação de hidrogênio e minerais estratégicos (principalmente, cobre).

Além disso, será promovida a indústria nacional vinculada à transição energética. Isso incluirá a criação de um quadro geral de qualificações específicas para a Transição Energética Justa, além de incentivar a prospecção e extração de minerais como cobre, lítio, níquel, cobalto, manganês e outros metais preciosos.

Esses minerais são considerados estratégicos devido ao seu papel no desenvolvimento de tecnologias associadas às energias renováveis não convencionais, como baterias, turbinas eólicas e painéis solares.

Além disso, o Plano Nacional de Geologia será consolidado para a tomada de decisões de investimento na extração de recursos do subsolo.

O Papel das Empresas de Energias Renováveis no Caminho para a TEJ

As energias renováveis desempenham um papel central no roteiro da Transição Energética Justa, dada sua capacidade de oferecer soluções sustentáveis e acessíveis aos desafios energéticos e climáticos do país.

As energias solar e eólica, por exemplo, não só reduzem a dependência dos combustíveis fósseis e as emissões de gases de efeito estufa como também promovem a soberania energética e o acesso democrático à energia, aspectos cruciais das políticas de transição energética da Colômbia.

Além disso, o custo das tecnologias de energias renováveis tem diminuído, e embora nem sempre sejam mais baratas, a redução de seus custos as tornam alternativas viáveis e atraentes em comparação aos combustíveis fósseis.

Nesse contexto, empresas como a Atlas Renewable Energy, com sua experiência no desenvolvimento, construção e operação de projetos de energia renovável na América Latina e Europa, se posicionam como fontes de conhecimento especializado no setor energético.

Sua participação na transição energética da Colômbia pode se manifestar de várias maneiras:

  • Desenvolvimento de Projetos: Com projetos de energia renovável que aproveitem o vasto potencial do país, a Atlas pode ajudar a aumentar a capacidade instalada de energias limpas na Colômbia.
  • Transferência de Conhecimento e Capacitação: Graças à sua ampla experiência internacional, a empresa pode capacitar a força de trabalho colombiana nas competências essenciais para a instalação e o manejo das energias renováveis. Ela também pode melhorar os padrões de trabalho em todas as fases dos projetos de energia renovável, superando as expectativas das entidades reguladoras locais, como a Autoridade Nacional de Licenças Ambientais (ANLA) da Colômbia.
  • Inovação e Tecnologia: A introdução de tecnologias inovadoras em eficiência energética e geração de energia renovável pode acelerar a transição energética, reduzir custos e aumentar sua acessibilidade. A Atlas Renewable Energy é pioneira na integração de baterias para o armazenamento de energia. A empresa espera alcançar 1 GW operacional até 2028 com uma combinação de energia solar, eólica e, de forma inovadora, baterias. Esse enfoque não só destaca sua liderança na adoção de tecnologias avançadas, mas também reflete seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a eficiência energética.
  • Colaboração com as Comunidades Locais: Ao trabalhar de perto com as comunidades onde opera, a Atlas pode garantir que os projetos de energia renovável se desenvolvam de maneira sustentável e com benefícios compartilhados. Um aspecto crucial desse enfoque é o relacionamento precoce com as comunidades, mesmo antes do início da construção dos projetos, uma prática que a Atlas realiza para se integrar harmonicamente como um ‘novo vizinho’. Essa abordagem antecipada permite à empresa entender as dinâmicas comunitárias e adquirir a licença social necessária para operar.

 Impacto do Roteiro da TEJ nas Empresas Colombianas: Desafios e Oportunidades

O roteiro da Transição Energética Justa (TEJ) na Colômbia e sua futura implementação podem ter um impacto positivo nas empresas do país. Veja abaixo alguns desses benefícios:

  • Oportunidades de Investimento em Energias Renováveis [H3]

A expansão planejada das energias renováveis, como solar, eólica, bioenergia, geotérmica e pequenas centrais hidrelétricas, abre oportunidades de investimento para empresas nacionais e internacionais no setor energético e promete transformar radicalmente a matriz energética do país.

À medida que aumenta o investimento nesses projetos, a capacidade de geração de energia renovável se expande. Isso ajuda a diversificar a oferta energética e a reduzir os custos associados à sua produção e consumo.

Esse incremento na capacidade e a consequente redução de custos abrem portas para que mais empresas, desde grandes corporações até empresas de médio porte, possam se comprometer a comprar energia renovável por meio de Acordos de Compra de Energia (PPA, sigla em inglês). Além disso, o fluxo de investimentos em energias limpas promove um mercado energético mais competitivo e sustentável, impulsionando a Colômbia em direção a um futuro de baixas emissões de carbono.

  • Promoção da Indústria Nacional

O plano inclui a promoção da indústria nacional relacionada à transição energética, o que pode impulsionar o desenvolvimento de empresas locais em áreas como fabricação de componentes, e construção e operação de projetos renováveis. Isso pode criar novas cadeias de valor e oportunidades de negócios para as empresas colombianas.

Adicionalmente, os projetos de energia renovável ativam significativamente a economia local, desde a construção (que demanda mão de obra, materiais, serviços de alojamento e alimentação), até a operação (que promove a empregabilidade local mediante capacitações em manutenção e supervisão).

Esse dinamismo não só enriquece as comunidades locais, como também fortalece a licença social, criando uma base sólida para o desenvolvimento sustentável e a participação comunitária.

  • Acesso a Incentivos Tributários

O governo oferece diversos incentivos tributários para promover as energias renováveis. Esses incentivos são regulados pela Lei 1715 de 2014 e se aplicam a projetos de energia solar, biomassa, eólica, geotérmica e outros tipos de energias renováveis.

Alguns desses incentivos incluem a dedução especial no imposto de renda, a isenção de IVA para a aquisição de bens e serviços usados em projetos de energia renovável, e a isenção do imposto de importação para equipamentos, maquinário e serviços nacionais ou importados destinados à produção e utilização de energia renovável.

  • Desenvolvimento de Infraestrutura e Redes Inteligentes

A interconexão elétrica nacional e regional, assim como a implantação de sistemas de armazenamento de energia, podem exigir que as empresas adaptem suas operações e sistemas às novas redes elétricas inteligentes e à integração de fontes renováveis de energia.

  • Desenvolvimento de Novas Tecnologias e Conhecimento

A criação do Instituto Nacional de Transição Energética pode promover a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias relacionadas com as energias renováveis, a eficiência energética e o hidrogênio verde. Isso pode criar oportunidades para que as empresas colombianas entendam, invistam e participem da transformação energética do país.

 Conclusões

Transitar para as energias limpas na Colômbia é muito mais do que mudar a geração de energia: é uma grande oportunidade para construir um futuro onde o crescimento econômico e a proteção ambiental andam de mãos dadas.

Com a Transição Energética Justa, o país não só busca reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis e combater a mudança climática com também traça um caminho para um desenvolvimento mais justo e sustentável.

Esse esforço para mudar a forma como se produz e se consome energia implica uma grande aposta na inovação e no crescimento verde para assegurar que os colombianos tenham acesso a energia limpa e confiável. É um grande desafio, mas também uma oportunidade única para que a Colômbia se posicione como líder em sustentabilidade no cenário global.

A colaboração entre governo, indústria, comunidades e indivíduos é fundamental para realizar essa visão. Empresas com experiência em energias renováveis, como a Atlas Renewable Energy, têm um papel crucial, pois podem aportar seu conhecimento e capacidade para desenvolver projetos que não são só verdes, mas também economicamente viáveis.

À medida que avança nesse caminho, a Colômbia trabalha por um futuro mais limpo, mas também impulsiona sua economia, cria empregos em novas indústrias e assegura um ambiente mais saudável para as próximas gerações.

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

A Colômbia está enfrentando uma das secas mais severas da sua história, interrompendo o fornecimento de eletricidade e elevando os preços da energia – uma crise que exige a integração massiva de energia eólica e solar.

O fenômeno El Niño precipitou uma seca alarmante em toda a Colômbia. O impacto foi tão severo que, no início de abril, as autoridades em Bogotá iniciaram um plano de racionamento de água potável para determinadas áreas. Os níveis dos reservatórios, que mal ultrapassam 32% em comparação com 70% em dezembro de 2023, estão entre os mais baixos em quatro décadas, prejudicando significativamente a capacidade de produção de energia. A rede elétrica do país é composta por 66,3% de energia hidrelétrica, seguida por 31,2% de usinas termelétricas, enquanto as energias renováveis não convencionais representam apenas 2,5%: 2,4% de energia solar fotovoltaica e 0,1% de energia eólica.

Em resposta, o governo implementou 15 medidas urgentes para evitar apagões, incluindo o monitoramento e controle das usinas, a promulgação de regulamentações específicas para incentivar a produção de eletricidade, a melhoria do fluxo de caixa para os varejistas, a proteção dos usuários finais contra aumentos de preços, a expansão da capacidade de geração com fontes térmicas e renováveis não convencionais adicionais (1.029 MW em teste, dos quais 31,9 MW são eólicos e 997,1 MW são solares) e a promoção da conservação de energia. A suspensão das exportações de eletricidade para o Equador foi outra medida adotada.

A situação é agravada pela crescente demanda por eletricidade, que aumentou 7,5% em março em comparação ao mesmo mês do ano passado, triplicando a taxa média de crescimento anual de 2,5%. Esse aumento é impulsionado por um incremento de 10,5% no consumo na região do Caribe, que tem sofrido com as altas temperaturas provocadas pelo El Niño, exigindo mais uso de energia para refrigeração.

Os atuais níveis de precipitação permitem a geração de apenas 60 GWh de eletricidade por dia a partir da água, uma fração dos 232 GWh diários necessários para operar o sistema. Consequentemente, as usinas térmicas a diesel – uma das tecnologias mais poluentes e caras do sistema – devem ser utilizadas, contribuindo com mais 110 GWh. Os 60 GWh restantes necessários para atender à demanda são extraídos dos reservatórios, esgotando essas reservas.

Esse cenário provocou um aumento acentuado nos preços da energia. Segundo a XM, em março o preço médio na Bolsa de Energia foi de 622,33 pesos colombianos por kWh, um aumento de 8,56% em relação aos 573,22 pesos por kWh do mês anterior. Esse valor continua a subir, com o preço médio em abril alcançando 988,59 pesos por kWh, em comparação com 231,53 pesos por kWh em 2023.

Renováveis: uma matriz mais competitiva

O aumento nos preços da eletricidade prejudica diretamente a competitividade das empresas e indústrias, operando a custos mais altos, e a competitividade geral do país. Além disso, a dependência de usinas termelétricas mais caras e mais poluentes contradiz os compromissos ambientais. Na recente COP28, a Colômbia defendeu o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis, visando interromper todas as novas explorações de petróleo, carvão e gás natural e gradualmente eliminar a produção e o consumo atuais. Além disso, o país se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 51% até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050.

Embora a matriz elétrica da Colômbia seja relativamente limpa devido à sua substancial contribuição hidrelétrica, fenômenos como o El Niño minam criticamente o fornecimento de eletricidade, exigindo o uso de fontes térmicas altamente poluentes e economicamente dispendiosas, como o diesel. Portanto, é imperativo que o país incorpore um volume maior de energias renováveis não convencionais em sua matriz energética, como a energia eólica e solar fotovoltaica, que estão entre as mais competitivas em termos de custo globalmente.

Um relatório de 2023 da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) indica que o custo nivelado médio global de energia (LCOE) para parques eólicos em 2022 foi de $33 por MWh (128 pesos por kWh), enquanto os projetos solares fotovoltaicos custaram uma média de $49 por MWh (191 pesos por kWh).

Assim, a Colômbia garantiu contratos para quase 3.000 MW de energia eólica e solar a preços abaixo de 200 pesos por kWh em dois leilões de energia renovável de longo prazo. Em outubro de 2019, 2.085 MW em 14 projetos foram concedidos a um preço médio de 95 pesos por kWh, e em 2021, outros 11 projetos totalizando 796,3 MW, todos solares fotovoltaicos, foram concedidos a um preço médio de 155,81 pesos por kWh. Apesar de uma Taxa de Confiabilidade adicional de cerca de 60 pesos por kWh, essa energia ainda é significativamente mais barata do que os mais de 900 pesos por kWh registrados em abril deste ano.

No entanto, apenas uma fração desses projetos entrou em operação devido a diversos impedimentos, principalmente a complexidade de obtenção das licenças ambientais necessárias.

Portanto, é crucial que a Colômbia acelere a diversificação de sua matriz elétrica a fim de garantir um sistema confiável capaz de fornecer energia limpa a preços competitivos, mesmo durante contingências como o El Niño.

Armazenamento como complemento às renováveis

Dada a sua riqueza em recursos eólicos e solares, a Colômbia poderia emergir como uma potência de energia renovável, atendendo toda a crescente demanda projetada de 263,4 GWh por dia até 2028, um aumento de 13,5% em relação ao consumo atual de 232 GWh/dia.

De acordo com o mapa de zonas adequadas para geração de energia eólica e solar desenvolvido pela Energética 2030, uma aliança interinstitucional liderada pela Universidade Nacional da Colômbia (UNAL) e composta por 11 organizações, incluindo universidades e empresas privadas, o país possui um potencial de 35.000 MW em energia eólica, com condições ótimas nas regiões do Caribe norte (departamentos de La Guajira, Magdalena e Atlântico), enquanto o potencial solar é praticamente incalculável devido à proximidade do equador, garantindo luz solar quase vertical durante todo o ano.

Com base nesse potencial, a Unidade de Planejamento Minero Energético (UPME) projetou um mapa de todos os projetos de energia atribuídos e aprovados, totalizando cerca de 23.500 MW, divididos em 16.329,71 MW fotovoltaicos, 3.991,5 MW eólicos, 1.018,54 MW térmicos e 2.527,55 MW hidrelétricos.

Essas plantas de energia estão previstas para entrar gradualmente em operação até 2032. Se concretizado, a energia solar na Colômbia saltaria dos atuais 2,5% da matriz elétrica para 40%, com capacidade operacional subindo de 486 MW para 16.815,71 MW, superando a energia hidrelétrica. A energia eólica representaria 9%, atingindo 4.009,92 MW.

Uma matriz elétrica tão diversificada reduziria drasticamente os preços da energia no mercado. A transformação seria tão profunda que surgiriam dois novos desafios, semelhantes aos enfrentados pelo Chile – um país com 44% de sua capacidade instalada em energia eólica e solar.

Primeiramente, durante as horas de pico de produção de energia renovável, os preços no mercado de energia caem para $0 por MWh em várias regiões. Embora isso seja benéfico para os consumidores, não é favorável para os desenvolvedores de projetos de energia que investem no desenvolvimento contínuo do sistema elétrico. Além disso, em outras horas sem geração renovável, os preços disparam, causando disparidades significativas de preços intradiários.

Em segundo lugar, o Chile enfrenta o desafio de gerenciar volumes substanciais de energias variáveis (eólica e solar fotovoltaica) que devem ser consumidas à medida que são geradas porque são não gerenciáveis. Ou seja, são geradas na presença de vento ou luz solar, respectivamente, e devem ser consumidas naquele momento. Isso leva a situações de “excesso” de energia onde muitas plantas devem reduzir a produção durante certas horas.

Para enfrentar ambos os desafios, o Chile está avançando com incentivos para armazenamento em baterias. Esta tecnologia permite armazenar excedentes de energia renovável e injetá-los na rede durante as horas de maior demanda, evitando cortes e distorções de preços, criando harmonia na rede elétrica.

Portanto, é essencial que a Colômbia adote medidas que facilitem a rápida incorporação de fontes de energia renovável não convencionais. Diversificar sua matriz elétrica com energia eólica e solar fotovoltaica garantirá o fornecimento e preços competitivos durante contingências climáticas.

Conclusão

A transição para energias renováveis permitirá que o país resista a fenômenos climáticos como o El Niño, que se intensificam a cada ano, e mitigue potenciais impactos no sistema elétrico decorrentes de novos eventos ou condições climáticas imprevisíveis causadas pela degradação ambiental.

Além disso, a mudança para energias limpas, como a eólica e solar fotovoltaica, incluindo a integração de armazenamento em baterias, permitirá que a Colômbia capitalize seus abundantes recursos renováveis, transformando seu sistema elétrico em um sistema mais resiliente, regulador de custos, atraente para investidores e com um caminho mais rápido para a descarbonização.

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

O cenário da transição energética no Brasil

No Brasil, a transição energética caminha a passos largos. Com o intuito de expandir o uso de fontes renováveis de energia e reduzir as emissões de gases poluentes, o país segue apostando em novas tecnologias, políticas públicas e investimentos no setor de energia. A seguir, vamos conhecer mais sobre a transição energética, seus desafios e perspectivas para o futuro.

Panorama atual da matriz energética brasileira

A matriz energética brasileira é considerada uma das mais limpas do mundo devido à diversidade de fontes renováveis que possui, uma característica que se fortalece a cada ano.

Segundo o mais recente Balanço Energético Nacional (BEN), em 2022, cerca de 47,4% de toda a energia consumida no Brasil era proveniente de fontes renováveis. Em 2021, esse percentual era de 45%.

Por outro lado, 52,6% da produção energética ainda é resultado da exploração de fontes não renováveis, como petróleo, gás natural e carvão mineral. 

Os dados mostram a evolução da transição energética, uma movimentação que está, aos poucos, fortalecendo e valorizando as fontes de energia sustentáveis.

Desafios e oportunidades na transição energética 

A posição privilegiada da energia hidrelétrica tem sido alvo de muitas reflexões entre especialistas do setor. Apesar do grande potencial para a produção desse tipo de energia, não é considerado viável que o país seja tão dependente de uma única fonte.

Além da dificuldade na criação de novas usinas, o período de seca reduz a produção energética e abre espaço para as fontes não renováveis, que elevam a produção de gases poluentes e ainda são muito fortes no segmento.

Esses percalços impediriam, a longo prazo, o fornecimento seguro e adequado de energia. Além disso, poderiam travar os avanços na busca pela implantação de ações mais sustentáveis.

Outro desafio é o alto consumo energético do setor de transporte, que chegou a 33%, primeira posição do ranking. Já a indústria consome cerca de 32%, de acordo com o levantamento, ocupando o segundo lugar.

No transporte, algumas estratégias para driblar esse impacto incluem o avanço da mobilidade elétrica com a adesão aos veículos elétricos e a ampliação do uso de biocombustíveis e hidrogênio verde em substituição aos combustíveis fósseis.

Já na indústria, o investimento em automação e em ativos mais eficientes são fatores importantes na gestão do consumo de energia. 

Apesar de todos os desafios encontrados, a transição energética avança, porém ainda longe do seu potencial máximo e na velocidade necessária para atingimento das metas de redução de emissões. O Brasil tem uma oportunidade única de liderar essa transição e ser o grande provedor de energia limpa para o mundo.

No setor privado, o investimento em sustentabilidade também é crescente. Segundo pesquisa divulgada pelo Portal da Indústria, 6 em cada 10 indústrias possuem um setor específico para tratar sobre sustentabilidade.

Além disso, 45% dos gestores afirmam que exigem de seus fornecedores certificados que atestem o seu compromisso com o meio ambiente.

Leia também: Licença social: a base para garantir uma transição energética justa

Políticas governamentais para transição energética 

Criado pelo Governo Federal em 2002, o Proinfa (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica) foi um dos primeiros programas de incentivo à produção de energia limpa. Ele acabou em 2014 e consistia na oferta de incentivos financeiros, linhas de crédito e custeio de pesquisas e projetos voltados para o segmento.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desenvolve um papel importante na expansão da transição energética. De 2004 até 2022, o órgão já liberou cerca de U$ 35 bilhões em crédito como incentivo à produção de energia solar e eólica. 

A Atlas Renewable Energy recebeu o maior empréstimo em dólares fornecido pelo BNDES, de US$ 447,8 milhões. O valor vai ser usado para a construção da usina solar Vista Alegre, que evitará a emissão de 2,4 milhões de toneladas de CO2 durante seus 20 anos de operação. Saiba mais sobre essa parceria aqui.

Em 2015, o governo brasileiro sancionou a lei 13.097, que garantiu a isenção de impostos embutidos na comercialização de aerogeradores, dispositivos essenciais na produção de energia eólica. A medida foi importante para o avanço do setor.

O mercado livre de energia é uma medida mais recente que oferece ao consumidor a possibilidade de escolher o seu fornecedor através de livre negociação. É, sem dúvida, um dos propulsores atuais mais efetivos no estímulo à produção de energia renovável.

O desconto na Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) e na Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) também é um importante incentivo. Ele é aplicado a consumidores especiais e livres, que compram energia elétrica diretamente de geradores ou comercializadores, não através da distribuidora local.

Esse desconto é um incentivo regulatório para promover a migração desses consumidores para o mercado livre de energia.

Energias renováveis em ascensão 

Apesar de ainda ser a maior fonte de energia elétrica, as hidrelétricas vêm ganhando a companhia de fontes renováveis como solar e eólica, que já representam 15,8% da geração no país.

Energia solar

A energia solar é um dos pilares da matriz energética brasileira e seus avanços são visíveis. Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, atualmente, existem 18 mil usinas solares no Brasil.

A expansão dos parques solares fez com que a capacidade de produção chegasse a 37 Gigawatts em 2023. Atualmente, o país é o 6° maior produtor de energia solar em todo o mundo.

Consequentemente, o país experimenta uma redução na produção de GEE (Gases de Efeito Estufa), objetivo global, discutido e buscado incessantemente pelos grandes líderes mundiais.

Hoje, o Brasil ainda está entre os 10 países que mais produzem GEE, mas em uma posição melhor em comparação com anos anteriores. Estamos no 9° lugar, mas já estivemos entre os 5 maiores produtores de gases poluentes. Sem dúvidas, um progresso considerável e que ainda está em construção.

Energia eólica 

No Brasil, temos cerca de 954 usinas eólicas, de acordo com dados do Ministério de Minas e Energia. Sua participação na matriz energética chega a 2,3%, segundo o BEN de 2023.

A energia eólica tem um desempenho muito satisfatório na economia e deve acelerar ainda mais a transição energética, em razão do enorme potencial do país na produção de energia gerada pelo vento. Além disso, é uma fonte que está contribuindo para a redução de gases poluentes.

Transição energética e novas tecnologias

Os avanços em tecnologia têm sido fundamentais para impulsionar a transição energética, destacando-se novas soluções como o hidrogênio verde, o desenvolvimento de baterias avançadas e a eletrificação de processos industriais e da mobilidade.

O hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis como a energia solar e eólica, surge como uma alternativa promissora. Ele pode ser utilizado como combustível limpo em diversas indústrias, reduzindo significativamente as emissões de carbono. 

As baterias também têm evoluído rapidamente, tornando-se mais eficientes e acessíveis. Elas não apenas permitem o armazenamento de energia renovável para uso posterior, mas também são essenciais para a eletrificação de veículos e processos industriais.

A eletrificação de processos industriais é outro ponto-chave. Substituir combustíveis fósseis por eletricidade gerada a partir de fontes renováveis pode reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa. Por isso, novas tecnologias estão sendo integradas nas fábricas, promovendo uma produção mais limpa e eficiente.

Por fim, a eletrificação da mobilidade está transformando o transporte. Carros, ônibus, caminhões e trens elétricos estão se tornando cada vez mais comuns, impulsionados pela queda nos custos das baterias e pelo aumento da infraestrutura de recarga. Esses veículos não apenas reduzem a poluição do ar, mas também diminuem a dependência de combustíveis fósseis, contribuindo para uma matriz energética mais sustentável.

Além de aumentarem a sustentabilidade ambiental, essas tecnologias também apresentam vantagens econômicas e operacionais, contribuindo com a transição para uma economia de baixo carbono.

Leia também: Como as tecnologias inovadoras conduzem o futuro das energias renováveis

Perspectivas futuras para a transição energética

O Brasil possui condições favoráveis para ser uma potência mundial em energia verde, graças à sua vasta extensão territorial e abundantes recursos de vento e sol. Com esses atributos, o país tem o potencial de se estabelecer como o “green power house” do mundo, desenvolvendo uma indústria verde robusta e se tornando um fornecedor global de energia sustentável.

Para alcançar essa meta, o governo brasileiro planeja aumentar significativamente os investimentos em energias eólica e solar, visando que essas fontes renováveis representem 90% da expansão da geração de energia no país. Essa estratégia não apenas ajudará o Brasil a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, mas vai melhorar sua posição nos rankings de produtores de GEE.

Além disso, o Brasil pode liderar novas indústrias emergentes, como a adoção de tecnologias de baterias e o desenvolvimento de hidrogênio verde.

A transição energética é uma transformação urgente, e o Brasil tem todas as condições para se destacar nesse cenário global, contribuindo para um futuro mais sustentável e competitivo.

Atlas Renewable Energy: soluções em energia limpa

A Atlas oferece diversas soluções para a produção e consumo de energia limpa, contribuindo para a transição energética tão almejada pelo Brasil e por outros países em todo o mundo.

Conheça as soluções que a Atlas pode oferecer para a transição energética do seu negócio.

Vista como solução por produtores de combustíveis fósseis, a captura de carbono não será suficiente para responder aos desafios climáticos globais. Mais do que gerenciar emissões, o mundo precisa de uma transição para fontes renováveis

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado e 2024 caminha na mesma direção. Cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) apontam que o mundo deve ultrapassar 2,8ºC de aumento de temperatura, até o fim do século, com as políticas atuais e pedem mais esforços para limitar o aquecimento a 1,5°C.

No centro do problema estão os combustíveis fósseis.

A queima de petróleo, gás e carvão lança na atmosfera toneladas de gases de efeito estufa. E quanto maior o consumo desses combustíveis, maior é a intensidade de emissões.

Para responder à crise climática que já está à porta, produtores investem em soluções de descarbonização, como captura e armazenamento de carbono. Mas isso não será suficiente para frear as emissões e o aquecimento do planeta. É preciso mudar as fontes de energia.

Por que há um limite na captura de carbono?

A tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) é adotada por empresas de óleo, gás e carvão nas suas instalações para reduzir as emissões das operações. Algumas indústrias como cimento e aço, que precisam queimar muito combustível em seus fornos para gerar energia, também estudam a adoção do CCS como forma de mitigar seu impacto climático e fornecer produtos com menor pegada de carbono.

Mas segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês), o ritmo de implantação dos projetos de CCS está praticamente estagnado – a capacidade total segue em aproximadamente 40 milhões de toneladas há três anos.

No cenário da agência para que o mundo alcance emissões líquidas zero e limite o aquecimento a 1,5ºC, a capacidade de captura deveria alcançar cerca de 400 milhões de toneladas de CO2 até 2030, ou seja, ser 10 vezes maior já nos próximos seis anos. 

Além de não estarem no ritmo, há um outro problema: o CCS ataca as emissões da produção de combustíveis fósseis e apenas uma parte do consumo, nas grandes indústrias.

Mas é justamente o consumo que tem o maior impacto ambiental e ele está disperso: nas indústrias, mas também nos carros que circulam pelas ruas, nos aviões, navios e caminhões, na eletricidade que alimenta casas, comércios e produção agrícola.Para se ter uma ideia, o mundo emite cerca de 55 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa por ano. A captura de carbono só consegue resolver uma pequena fração dessas emissões.

É caro e consome mais energia

Adotar o CCS também significa um alto investimento e consumo de energia. Esse é um dos principais motivos para os atrasos nos projetos ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos, por exemplo, para viabilizar a integração da captura de carbono às usinas de combustíveis fósseis, a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês) do presidente Joe Biden precisou turbinar o crédito fiscal em julho de 2023, para US$ 60/tonelada de CO2 utilizado na recuperação avançada de petróleo ou outras operações industriais e para US$ 85/t para CO2 armazenado permanentemente, de US$ 35/t e US$ 50/t, respectivamente, de acordo com a S&P Global.

Os custos da captura de carbono variam muito em relação ao tipo de atividade e à necessidade de energia que precisa ser consumida no processo: quanto menor for a concentração de CO2 no gás, maior será a procura de energia necessária para separar o CO2, resultando em custos mais elevados, explica um estudo do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD).

De acordo com o IISD, em centrais elétricas a carvão, indústrias de aço e cimento e na produção de hidrogênio, os fluxos de CO2 são mais diluídos, o que aumenta o consumo de energia e eleva o custo de captura.

Se a energia usada no processo for fóssil, há também uma emissão de CO2.

Rumo à transição para renováveis

Em dezembro de 2023, a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP28) deu o tom de como deve ser a matriz energética do futuro.

Os mais de 190 países membros da conferência concordaram em triplicar a participação de renováveis no mix global de energia até 2030, e fazer uma transição para longe dos combustíveis fósseis.

Já estamos a caminho. Fontes como solar fotovoltaica e eólica, e soluções como veículos elétricos estão batendo recordes de expansão: em 2023, a capacidade de energia renovável adicionada aos sistemas energéticos em todo o mundo cresceu 50%, atingindo quase 510 gigawatts (GW), com a energia solar fotovoltaica representando 3/4 das adições em todo o mundo. 

Estimativas da agência também indicam que o consumo de combustíveis fósseis deve atingir o pico antes de 2030, com a participação das de fontes limpas na geração de eletricidade se aproximando de 50%, em comparação com cerca de 30% em 2023.

Essa mudança chegará a todos os setores econômicos, inclusive aqueles que mais dependem dos fósseis.

Isso porque a combinação de energia renovável, eficiência energética e eletrificação das operações tem potencial de reduzir em mais de 90% as emissões de CO2 necessárias para que a indústria cumpra suas metas até 2050, calcula o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

O Brasil tem ótimos exemplos de como a parceria entre empresas intensivas e geradores de energia renovável pode promover uma verdadeira transformação. Os benefícios são ambientais, econômicos e sociais.

Um deles vem da parceria da Atlas Renewable Energy com a  Hydro Rein e Albras, maior produtora de alumínio primário do Brasil. Com a formação de uma joint venture para desenvolver, construir e operar a usina solar Boa Sorte (438 MW) no estado de Minas Gerais, as empresas adicionam capacidade renovável no Brasil ao mesmo tempo em que tornam a produção de alumínio mais sustentável.

Com um investimento estimado em US$320 milhões, a Albras firmou um PPA em dólar, no modelo de autoprodução, para o fornecimento anual de 815 GWh de 2025 a 2044 e para suprir parte do seu consumo de energia.

A energia prevista para ser gerada pelo parque evitará a emissão de 154 mil toneladas de CO2 por ano, o que equivale a tirar mais de 61,8 mil carros movidos a gasolina e diesel das ruas.

Mais do que gerar energia, esses empreendimentos renováveis também promovem desenvolvimento econômico nas regiões onde são instalados, contratando profissionais e fornecedores locais, além de promover projetos de capacitação e inclusão.

Descarbonização com hidrogênio verde

Outra forma de aproveitar o potencial renovável de um país como o Brasil na descarbonização da indústria é através da produção de hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise de água com energias como solar e eólica.

Ao redor do mundo, com destaque para a América Latina, países desenham seus planos para estabelecer uma cadeia de valor e desenvolver clusters industriais onde será produzido e consumido o novo energético.

O hidrogênio verde é uma das formas mais eficientes de armazenar a energia que é produzida pelos parques solares e eólicos e seu potencial de aproveitamento pela indústria vai desde a produção de combustíveis sustentáveis como SAF (aviação), amônia e metanol verde (transporte marítimo), como fertilizantes, aço e alumínio verdes.

Na siderurgia, por exemplo, uma pesquisa da BloombergNEF calcula que o uso de hidrogênio verde nos fornos pode ser a opção mais barata para a obtenção de aço com zero emissões em 2050.

O Brasil é um dos candidatos. Sua matriz elétrica com cerca de 83% de participação renovável é todo o seu potencial eólico e solar tornam o país atrativo para o desenvolvimento de cadeias industriais mais verdes e competitivas.

Um futuro de oportunidades

Descarbonizar a economia global, dependente de combustíveis fósseis, não será fácil. É um desafio que precisa ser encarado com seriedade e pesar os prós e contras de cada opção tecnológica.

Soluções como a captura e armazenamento de carbono terão seu lugar, mas devem ser observadas com os pés no chão, sem desviar o foco para o que realmente vai modificar o consumo de energia.

A demanda por energia vai continuar crescendo e precisamos atendê-la com eficiência, preços baixos e sustentabilidade. Por isso, a expansão renovável é um caminho sem volta: é o que o mundo dispõe de mais eficaz com as tecnologias e recursos naturais acessíveis hoje.

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

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O Acordo de Dubai propõe triplicar a instalação de energia renovável até 2030. As empresas serão fundamentais no cumprimento das metas de descarbonização com contratos de aquisição de energia (PPAs) limpos e a preços competitivos.

Na última Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 28), realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023 em Dubai, Emirados Árabes Unidos, 198 países assinaram o Acordo de Dubai. No documento final, pela primeira vez, foi explicitado o papel dos combustíveis fósseis: estabelece-se o “início do fim” da era dessas fontes de energia poluentes.

Durante a conferência, foi acordado triplicar a capacidade global de energia renovável para 11 terawatts e dobrar (de 2 para 4%) a taxa média anual de melhoria da eficiência energética até 2030; Além disso, também foi acordado acelerar a diminuição do uso de carvão para produzir energia, substituí-lo por tecnologias de zero e baixa emissão e acelerar a descarbonização por meio da rápida adoção de veículos com emissão zero e baixa.

O acordo também compromete os países signatários a eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis que não abordam a pobreza energética nem as transições justas, e a acelerar as ações nesta década para alcançar emissões líquidas zero até 2050.

No entanto, nenhum acordo específico foi alcançado sobre a redução do uso de petróleo, gás ou carvão, levantando dúvidas sobre a eficácia dos compromissos, que devem apoiar a meta estabelecida no Acordo de Paris, que determina limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século. 

O Pacto Global da ONU estima que alcançar essa meta exigiria reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa em 43% até 2030 e em 60% até 2035 em relação às emissões de 2019, e atingir emissões líquidas zero de dióxido de carbono até 2050.

No entanto,  a organização norte-americana sem fins lucrativos World Wildlife Fund (WWF) alertou que, conforme as últimas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) apresentadas pelos países, projeta-se uma redução de apenas 14% até 2030, três vezes menos do que o necessário. Estes dados revelam o desafio colocado pelo ritmo proposto de descarbonização.

Além disso, a OPEP espera que o consumo de petróleo aumente nos próximos anos. Ele estima que em 2024 o mundo consumirá 2,2% a mais do que em 2023, ou seja, uma média de 104,4 milhões de barris por dia, ante 102,1 milhões em 2023.

Para os Estados Unidos, os analistas da OPEP preveem uma taxa de crescimento do consumo de petróleo de 1% em 2024 e 1,5% em 2025, enquanto para a zona euro estimam um aumento de cerca de 0,5% e 1,2%, respetivamente.

A China, um dos maiores consumidores mundiais de petróleo, que requer entre 15 milhões e 16 milhões de barris de petróleo bruto por dia, não só está a produzir petróleo em quantidades recordes, como também o está a importar a um ritmo sem precedentes, revelando uma estratégia clara de acumulação de reservas para os próximos anos.

A necessidade de financiamento

Uma das principais discussões na COP 28 girou em torno do financiamento para impulsionar a luta contra as mudanças climáticas.

Nesse sentido,  o Fundo Verde para o Clima (GCF) recebeu um novo impulso:  seis países se comprometeram a colaborar em seu financiamento, elevando o total de um recorde de US$ 12,8 bilhões em promessas de financiamento de 31 países, também são esperadas novas contribuições. 

Além disso, oito governos anunciaram US$ 174 milhões em doações ao Fundo para Países Menos Desenvolvidos e ao Fundo Especial para Mudanças Climáticas; contribuições adicionais para o Fundo de Adaptação no valor de quase US$ 188 milhões também foram prometidas.

No entanto,  a ONU alerta que ainda está longe dos bilhões de dólares necessários para apoiar os países em desenvolvimento na transição para a energia limpa. Para garantir esse financiamento, o Pacto Global destaca a importância de reformar a arquitetura financeira multilateral e acelerar a criação de novas e inovadoras fontes de financiamento. 

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em seu estudo intitulado “Economia das Mudanças Climáticas na América Latina e no Caribe 2023: Necessidades de Financiamento e Ferramentas Políticas para a Transição para Economias de Baixo Carbono e Resilientes ao Clima”, indica que o cumprimento dos compromissos de ação climática requer um investimento entre 3,7% e 4,9% do PIB regional por ano até 2030. Para efeito de comparação, em 2020 o financiamento climático na América Latina e no Caribe foi de apenas 0,5% do PIB regional. Portanto, fechar a lacuna de financiamento climático requer aumentar a mobilização de recursos nacionais e internacionais em sete a dez vezes.

A contribuição do setor privado para a transição energética

O apoio financeiro ao setor privado pode ser uma opção para impulsionar a descarbonização. O objetivo é que as empresas geradoras de energia limpa avancem com os seus projetos e ofereçam fornecimento de eletricidade renovável a preços competitivos. Instrumentos como o Fundo Verde para o Clima, linhas de crédito verde de bancos ou a emissão de títulos verdes podem ser usados para esse fim.

Nesse sentido, em 2021 a Atlas Renewable Energy obteve 253 milhões de dólares em formato de título verde, o que lhe permitiu desenvolver o seu projeto ‘Ananuca Financing’, que refinanciou a Usina Solar Javiera (69,5 MW) e promoveu a construção do Projeto Solar Sol del Desierto (230 MW), ambos no Chile. A planta de Javiera fornece energia limpa para 15% das necessidades energéticas de uma das minas da Antofagasta Minerals (AMSA), uma das maiores empresas de cobre do mundo. 

Outro caso emblemático é o da Albras, maior produtora de alumínio primário do Brasil. Em novembro passado, a empresa recebeu o maior financiamento em dólares do BNDES para o maior PPA solar da América Latina com a Atlas Renewable Energy: a partir de 2025, e por 21 anos, a fabricante receberá energia limpa e competitiva da usina solar Vista Alegre, de 902 MWp, o que evitará a emissão de 2,4 milhões de toneladas de CO₂. Como ponto de comparação, a energia contratada entre a Atlas Renewable Energy e a Albras é suficiente para abastecer mais de três milhões de pessoas.

Ambos os casos têm a ver com uma tendência que vem crescendo ano após ano no mundo. Conforme a BloombergNEF, em 2022 empresas privadas e instituições públicas assinaram contratos recordes de fornecimento de energia (PPAs): 36,7 GW, 18% a mais do que em 2021.

A BloombergNEF observa que, desde 2008, 167 organizações celebraram acordos de PPA em 36 mercados em todo o mundo para 148 GW de energia limpa, um número significativo que excede a capacidade total de geração de energia da França.

Entre as organizações que assinaram acordos de energia limpa em 2022, a Amazon lidera a lista, com 10,9 GW de PPAs assinados, seguida por Meta (2,6 GW), Google (1,6 GW) e Microsoft (1,3 GW), ilustrando a necessidade de as empresas de tecnologia obterem energia limpa e competitiva para atender à sua crescente demanda por eletricidade.

Nas Américas, os contratos assinados aumentaram 18%, para um recorde de 24,1 GW, com aumentos nos EUA e na América Latina.

Portanto, promover maiores linhas de financiamento para que as empresas possam embarcar rapidamente no seu caminho para a descarbonização será fundamental para reverter as mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, é necessário que os países ofereçam melhores incentivos e condições para o investimento.

Por outro lado, em 2022, os subsídios aos combustíveis fósseis dispararam para US$7 bilhões históricos. Estima-se que a eliminação dos subsídios aumentaria as receitas públicas em 4,4 bilhões de dólares, além de tornar as energias poluentes menos competitivas em relação às limpas.

Consoante o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o setor energético global é responsável por 73% das emissões anuais de gases de efeito estufa, quando as emissões anuais de dióxido de carbono relacionadas à energia devem diminuir em 70% até 2050. Nesse sentido, as energias renováveis, a eficiência energética e um aumento substancial da eletrificação podem proporcionar mais de 90% da redução necessária das emissões de poluentes.

O desafio das próximas cimeiras

Os próximos dois anos serão cruciais. Na COP29, no Azerbaijão, os governos devem definir uma nova meta de financiamento climático que reflita a escala e a urgência do desafio ambiental. E na COP30, que será sediada pelo Brasil, eles devem vir preparados com novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs).

“Devemos começar a trabalhar para implementar plenamente o Acordo de Paris”, disse Simon Stiell, secretário-executivo de Mudanças Climáticas da ONU. Stiell lembrou que “até o início de 2025, os países devem apresentar novas Contribuições Nacionalmente Determinadas. Todo e qualquer compromisso sobre finanças, adaptação e mitigação deve nos alinhar com um mundo de 1,5 grau.

Conclusão

A COP28 estabeleceu metas resumidas por seus protagonistas como “o começo do fim” da era dos combustíveis fósseis, que envolve, entre outras medidas, triplicar a capacidade de geração de energia renovável. Mas para que a transição energética corra a tempo, como exigem as metas ambientais, será fundamental aumentar vigorosamente o financiamento global para energia limpa. 

Com esse financiamento, as empresas poderão acessar empréstimos de longo prazo e taxas baixas que lhes permitirão desenvolver projetos de geração de energia renovável. Isto incentivará mais empresas consumidoras de energia a celebrar contratos de fornecimento (CAE) a preços competitivos.

O compromisso das empresas públicas e privadas com a descarbonização é uma tendência que cresce ano a ano, mas a aceleração da descarbonização dependerá dos incentivos, regras e condições estabelecidas pelos governos.

Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar Certificados de Carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.

A Inteligência Artificial transforma as energias renováveis: modelos preditivos de alta precisão, novas formas de monitoramento e diagnóstico, melhorias no armazenamento de energia e redução de custos são apenas o começo.

A inteligência artificial (IA) tem a capacidade de realizar análises complexas e tomar decisões rápidas e precisas com grandes quantidades de dados em tempo real.

Os benefícios da IA se estendem a diversos setores. Um deles é o das energias renováveis. Para esse setor, a IA fornece informações relevantes para o desenvolvimento, construção, operação e manutenção de projetos.

Graças aos algoritmos de aprendizado de máquina e à crescente capacidade de cálculo dos sistemas de computação, cinco áreas-chave de parques eólicos e usinas fotovoltaicas foram aprimoradas

  • Projeto de modelos preditivos de geração de energia. 
  • Monitoramento e diagnóstico da operação
  • Desempenho e eficiência. 
  • Armazenamento e distribuição de energia com baterias.
  • Redução de custos.

A IA melhora o desempenho dos ativos de energias renováveis, tornando os processos mais rápidos e eficientes. O resultado são preços mais competitivos e uma oferta de energia limpa confiável para geradores e clientes.

 Modelos preditivos

A Atlas Renewable Energy utiliza inteligência artificial principalmente na operação e manutenção (O&M) de suas plantas de energias renováveis.

De fato, a IA ajuda a desenvolver modelos preditivos que visam prever a quantidade de energia que uma usina eólica ou solar fotovoltaica pode gerar.

As fontes de energia renovável são intermitentes: a eletricidade é produzida apenas se houver vento ou sol. Portanto, é fundamental prever o volume de energia que uma central poderia gerar. Entre outros benefícios, essa previsão garante o cumprimento dos contratos de fornecimento (PPA).

Thiago Girard, gerente de projetos de inovação da Atlas Renewable Energy, explica que machine learning e deep learning são utilizados para projetar modelos de geração de energia que permitem detectar falhas nos equipamentos e prever resultados com margens de erro muito baixas.

Atualmente, a Atlas pode fazer previsões de geração com uma precisão superior a 95%. Para isso, utiliza sistemas de dados que se adaptam às mudanças a uma velocidade muito maior do que os métodos convencionais. “Isso garante maior eficiência e produtividade de nossos ativos”, diz Girard.

Monitoramento e diagnóstico

A inteligência artificial também melhora o monitoramento e o diagnóstico da operação da usina. Para isso, são realizadas medições em tempo real para identificar as variações sazonais, diurnas e anuais.

A IA aplicada no monitoramento e diagnóstico reduz a necessidade de realizar inspeções físicas em locais complexos, como a gôndola de uma turbina eólica instalada a uma altura de mais de 100 metros. 

Usando sensores e dispositivos de coleta de dados instalados em usinas de energias renováveis, os algoritmos de IA podem analisar continuamente o desempenho dos equipamentos. Essa capacidade de monitoramento remoto economiza tempo, reduz custos e aumenta a segurança, minimizando a exposição dos técnicos a ambientes perigosos.

Uma das técnicas de monitoramento é a manutenção preditiva. Assim como a modelagem preditiva (que permite prever as flutuações na geração de energia), a manutenção preditiva utiliza a análise de dados para prever a ocorrência de anomalias no funcionamento e possíveis defeitos nos equipamentos e processos.

A inteligência artificial não é empregada apenas no monitoramento dos equipamentos, suas aplicações no diagnóstico de falhas também são notáveis. 

Por exemplo, usando sistemas de inteligência artificial, a empresa Suncast detectou que a usina solar São Pedro, da Atlas, no Brasil, sofria uma perda anual de 3,6% de energia devido à sujeira nos painéis. Quando os cronogramas de limpeza foram ajustados de acordo com o diagnóstico feito com IA, a Suncast conseguiu aumentar a produção em 0,7%, equivalente a 1.000 MWh por ano, de acordo com o estudo premiado no desafio “Atlas Open Innovation Challenge”.

Melhor desempenho e eficiência

Ao monitorar e analisar dados continuamente, a inteligência artificial pode otimizar o desempenho e a eficiência de turbinas ou painéis eólicos.

De fato, os algoritmos de IA podem ajustar as configurações dos equipamentos em tempo real e fazê-los operar em alta capacidade, aumentando assim a produção de energia. Além disso, os programas de manutenção otimizados minimizam o tempo de inatividade e maximizam a disponibilidade dos equipamentos.

“Os sistemas orientados por dados são extremamente adaptáveis e se ajustam às mudanças em um ritmo muito mais rápido do que os métodos convencionais. Isso garante uma maior eficiência e produtividade de nossos ativos”, resume Girard.

A IA também oferece benefícios quando empregada no funcionamento do sistema elétrico, pois evita perdas de energia elétrica renovável (também chamadas de derramamento ou curtailments). Este fenômeno ocorre quando, em certas horas do dia, há um excesso de eletricidade que o sistema não consegue utilizar. 

“A integração de geradores de energia renovável no sistema automático de controle de oferta e demanda reduziria os custos de energia em geral e melhoraria a eficiência dessae geradores”, diz Girard.

O Chile, por exemplo, é um dos países da América Latina com maior utilização de energias renováveis variáveis em sua matriz elétrica. Assim, a energia solar fotovoltaica é a principal fonte de geração (25%), e a eólica é a terceira (13%), sendo apenas superada pelo carvão (14%). 

Em outubro de 2023, o Chile teve descargas de energias renováveis de 307,8 GWh, com um acumulado em 2023 de 1.493 GWh, de acordo com o último boletim divulgado pelas geradoras. O que ocorreu em outubro de 2023 representou um aumento de 93% em relação a outubro do ano anterior, quando a energia solar diminuiu 146,8% e a eólica 22,4%.

A IA pode ser a resposta para essas falhas de desempenho. Por um lado, melhora a eficiência, pois os algoritmos de IA podem otimizar a geração, transmissão e distribuição de energia, reduzir perdas e melhorar a eficiência geral da rede.

Por outro lado, a IA reduz os custos. Ao minimizar as perdas de energia e otimizar a alocação de recursos, a IA pode ajudar a reduzir as despesas operacionais das operadoras de redes e, em última instância, reduzir as tarifas de energia dos clientes.

A detecção de anomalias e a manutenção preditiva feitas com IA também podem ajudar a identificar falhas na rede, garantindo um fornecimento de energia confiável e ininterrupto.

Armazenamento e custos mais baixos

As baterias são uma das principais tecnologias para minimizar o desperdício e superar os riscos da intermitência energética. A inteligência artificial pode otimizar os sistemas de acordo com variáveis como demanda, preço e recursos.

A IA pode ajudar a otimizar as operações dos sistemas de armazenamento de energia renovável: por meio do uso de análises preditivas, pode-se prever a demanda de energia e distribuir a energia armazenada em horários mais convenientes.

A IA também possibilita o monitoramento do desempenho e da eficiência dos sistemas de armazenamento e a detecção de possíveis problemas. Como resultado, os custos operacionais podem ser reduzidos e a velocidade e a precisão da manutenção e do reparo podem ser melhoradas.

Da mesma forma, a inteligência artificial pode ajudar a reduzir os custos associados às baterias e tornar as soluções de armazenamento de energia renovável mais acessíveis.

Conclusão

A inteligência artificial está sendo progressivamente integrada a todos os setores da economia. No setor de energias renováveis, ela está promovendo mudanças fundamentais no desenvolvimento de fontes eólicas e solares fotovoltaicas e em todos os seus processos internos.

Por meio do uso de algoritmos de aprendizado de máquina e análise em tempo real de grande quantidade de dados, a inteligência artificial possibilita a tomada de decisões corretas nos processos de geração, produção, armazenamento e distribuição de energia.

Em última análise, a IA amplia as capacidades das energias renováveis para que se tornem a matriz energética do futuro e acelerem a transição energética.

Em parceria com a Castleberry Media, temos o compromisso de cuidar do nosso planeta, portanto, este conteúdo é responsável com o meio ambiente. Compensamos isso x3 através da compra de Certificados de Carbono para o plantio de árvores para prevenir o desmatamento e compensar as emissões de CO₂.