O governo Biden tem como meta transformar os Estados Unidos em uma economia de energia 100% limpa até 2050. Analisamos o que isso significa para o setor de energias renováveis.

“Neste momento de crise profunda, temos a oportunidade de construir uma economia mais resiliente e sustentável – que colocará os Estados Unidos em um caminho irreversível para alcançar emissões líquidas zero em toda a economia” – Presidente Joe Biden.

Ao tomar posse em 20 de janeiro, o presidente Joe Biden começou imediatamente a trabalhar em sua promessa de campanha de levar os EUA a um futuro verde. Assinando uma série de ordens executivas, ele ordenou que as agências federais adquirissem energia livre de carbono, conduzissem o desenvolvimento de tecnologias de energia limpa, e acelerassem projetos de geração e transmissão de energia limpa. Seu governo quer eliminar a poluição de combustíveis fósseis no setor de energia até 2035 e na totalidade da economia americana até 2050. Ele ainda pretende investir US$ 2 trilhões em quatro anos para que isso aconteça.

O plano climático proposto por Biden deverá resultar em mudanças significativas na política energética dos EUA. Eis o que esperar.

NÃO HAVERÁ MAIS ASSISTÊNCIA AO DESENVOLVIMENTO DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS

A rede de energia movida a combustíveis fósseis gera 28% das emissões dos EUA, e o novo presidente pretende zerar isso rapidamente através da interrupção do arrendamento de terras federais para a exploração de petróleo, gás e da retirada dos subsídios para essas indústrias, além de estabelecer limites agressivos de poluição por metano para as operações novas e existentes de petróleo e gás, o que provavelmente aumentará os custos das já marginais operações de prospecção de petróleo e gás nos Estados Unidos.

PRECIFICANDO O CARBONO PARA FORA DO MERCADO

Em uma declaração por escrito às perguntas dos membros da Comissão de Finanças do Senado, Janet Yellen, nomeada pelo presidente Biden para dirigir o Departamento do Tesouro, disse: “Não podemos resolver a crise climática sem a precificação efetiva do carbono. O presidente apoia um mecanismo de fiscalização que exige que os poluidores arquem com o custo total da poluição do carbono que estão emitindo”. Espera-se que um imposto nacional sobre o carbono seja implementado nos EUA, criando um impacto negativo direto nos resultados financeiros das empresas poluidoras, tornando a energia limpa e renovável mais competitiva do que os combustíveis tradicionais.

REPENSANDO A POLÍTICA COMERCIAL

Em 2018, a administração Trump impôs uma tarifa de 30% por quatro anos sobre painéis solares importados, o que impediu a implantação de 10,5 gigawatts de energia solar que, de outra forma, seriam construídos, de acordo com análise da Associação das Indústrias de Energia Solar, o maior grupo comercial do setor. Essa associação solicitou ao presidente Biden que removesse essas tarifas, a fim de ajudar a reduzir os preços e atingir sua meta de fornecer 20% da eletricidade dos EUA até 2030, contra apenas 3% atualmente. Embora a nova administração dos EUA ainda não tenha tomado nenhuma decisão sobre isso, a pressão dos órgãos da indústria dos EUA está crescendo e é provável que, no curto prazo, o presidente Joe Biden procure rever as tarifas de importação sobre equipamentos de energia solar.

NOVOS INCENTIVOS PARA A ENERGIA RENOVÁVEL

À medida que o governo dos EUA procura tornar seu plano operacional, são esperadas extensões dos créditos fiscais existentes para energia renovável,. Como parte da Lei de 2020 de Alívio Fiscal de Desastres e Segurança do Contribuinte do ex-presidente Trump, a expiração do crédito fiscal de produção (CFP) para energia eólica e algumas outras tecnologias de energia renovável foi adiada por mais um ano, para o final de 2021, enquanto a redução gradual do crédito fiscal de investimento (CFI), aplicável à energia solar e a alguns outros projetos de energia renovável, foi congelada por dois anos.

Como esses créditos permanecem vitais para o desenvolvimento da indústria de energia renovável e para a continuidade do potencial de crescimento dos EUA, que busca se recuperar do impacto econômico da pandemia, mais incentivos fiscais podem ser esperados, com o potencial de créditos reembolsáveis podendo ser alavancados em estruturas de financiamento para investimentos em energia renovável.

OS NÚMEROS VÃO SE SOMANDO…

Além das implicações políticas, os aspectos práticos de tornar a rede elétrica da maior economia do mundo mais verde em apenas 15 anos, tornam isso uma façanha nada fácil: os desenvolvedores de capacidade renovável terão que triplicar imediatamente seu ritmo de instalação a partir de 2020 para atingir a meta de Biden, de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia pela Escola de Políticas Públicas Goldman de Berkeley.

No entanto, os pesquisadores descobriram que a queda contínua do preço da energia solar e eólica significará que a remoção de cerca de 90% das emissões da rede elétrica até 2035, reduziria os preços da eletricidade no atacado em 10%, enquanto a melhoria do armazenamento em bateria garantirá a confiabilidade da nova rede mais limpa dos EUA. De fato, o plano do presidente Biden é financeiro e economicamente viável.

… PARA UM BOM IMINENTE DA INFRA-ESTRUTURA AMBIENTAL

Além da pesquisa acadêmica, a atividade do mercado de capitais indica também que um sentimento positivo está crescendo por trás do plano do presidente Biden. Na semana anterior à posse do presidente, segundo dados da Lipper, os fundos de energia alternativa registraram um influxo de US$ 4 bilhões, onde os investidores apostaram em uma perspectiva brilhante para as empresas de energia renovável. Para colocar isso em perspectiva, durante todo o ano de 2020, o total de influxos foi de apenas US$ 17,1 bilhões.

PLANOS AMBICIOSOS

O escopo e o alcance da agenda de energia limpa da nova administração é certamente ambicioso, mas acreditamos que isso demonstra um alinhamento entre o governo e um número crescente de empresas americanas influentes e mundialmente reconhecidas, que se comprometeram com a energia 100% renovável como parte da iniciativa RE100. Essas empresas, que incluem Apple, American Express, Facebook, General Motors e Google, já assinaram PPAs para energia renovável em vários países, inspirando muitos outros a seguirem o exemplo.

Até agora, no entanto, os EUA eram citados pelos membros do RE100 como um “mercado desafiador” para o abastecimento corporativo devido à “falta de liderança do governo federal”. Com a nova política climática da administração Biden, isso provavelmente mudará e esperamos ver um aumento na demanda das empresas em vários setores da indústria – do varejo à manufatura, indústria pesada e muito mais.

Não é apenas a América corporativa que apoia a transição energética. De acordo com uma pesquisa feita pela Associação das Indústrias de Energia Solar (AIES), 90% dos americanos, independentemente de crenças políticas, apoiam a energia solar,.

As metas referente ao clima e à energia do governo Biden são ousadas, mas a Associação Americana de Energia Limpa (AEL), um grupo comercial recém-formado, declarou que a indústria de energia renovável está pronta para ajudar o país a alcançá-las e na Atlas Renewable Energy, estamos somando nossa voz à de nossos colegas nos Estados Unidos.

Desde 2017, desenvolvemos, construímos e operamos projetos de energia renovável em grande escala que permitirão a transição energética em toda a América Latina. Fomos os primeiros a implementar um PPA de energia solar privada no Chile há cerca de oito anos e, desde então, continuamos avançando na adoção de energia renovável por grandes consumidores de energia. Com uma das maiores bases de ativos solares da região, assinamos um recorde de 660 MW em PPAs corporativos em 2020, tornando-nos o maior desenvolvedor na região da América Latina por volume contratado, de acordo com a Bloomberg. Já somos um parceiro confiável para multinacionais dos EUA como a Dow e a Anglo American e esperamos apoiar um número crescente de empresas a reduzir suas emissões de CO₂ em prol de um futuro mais verde em toda a região.

Em todo o mundo, o comportamento do consumidor está passando por uma mudança dramática. Comprar tornou-se um ato político, com as marcas que buscam tornar o mundo um lugar melhor sendo recompensadas com vendas crescentes e maior fidelização dos clientes. Neste enfoque sobre a América Latina, analisamos como, à medida que a população da região procura comprar a mudança que deseja ver no futuro, as empresas devem melhorar em sustentabilidade e nas questões ambientais – ou correm o risco de perder sua clientela.

A EVOLUÇÃO DO CONSUMIDOR VERDE

Nos últimos anos, os compradores em todo o mundo começaram a compreender que seu poder de compra pode fazer a mudança acontecer. Os consumidores estão pedindo que as empresas mostrem seus valores, recompensando aquelas que se alinham com seus valores.

Esta é uma mudança de paradigma em relação ao ativismo do consumidor de antigamente, quando os boicotes a marcas eram uma forma de exercer pressão sobre as grandes empresas. Em um relatório recente da empresa de pesquisas Weber Shandwick sobre esse cenário em mudança, descobriu-se que 83% dos consumidores agora preferem o ativismo positivo – apoiar as empresas ao comprar delas, em vez de evitar aquelas cujas práticas discordam.

No mundo hiper conectado de hoje, onde as decisões de compra são tão influenciadas pela mídia social quanto pela publicidade, o impacto do apoio do consumidor na reputação de uma marca é imenso. E embora o ativismo do consumidor assuma muitas formas, é cada vez mais o desempenho ambiental e de sustentabilidade das empresas que os compradores estão aprimorando, com a empresa Nielsen, que avalia a percepção do consumidor, calculando um salto de quase 50% nas vendas de produtos sustentáveis em 2021, em comparação com 2014.

A AMÉRICA LATINA ASSUME A LIDERANÇA

Em seu relatório de 2019, a Nielsen concluiu que a América Latina está à frente da curva global no que diz respeito ao consumo sustentável. Um total de 85% dos consumidores latino-americanos disseram que certamente ou provavelmente mudariam seus hábitos de consumo para reduzir seu impacto no meio ambiente – contra apenas 73% globalmente.

Embora a maioria dos esforços do consumidor ainda esteja focada em ganhos tangíveis – como a seleção de produtos com embalagens recicláveis ou menos recicláveis, surgiu uma tendência crescente, onde os consumidores buscam empresas que vão ainda mais longe.

Em 2018, a empresa colombiana de alimentos Tosh tornou-se a primeira grande marca do país a ser certificada como neutra em carbono, compensando 17.000 toneladas de CO2 a cada ano ao reformular a sua marca e demonstrar suas credenciais de sustentabilidade aos clientes. Enquanto isso, a maior multinacional de cosméticos do Brasil, a Natura, controla e monitora rigorosamente todas as emissões de carbono relacionadas a seus processos de embalagem, logística, produção e transporte. E alguns anos atrás, o Chile tornou-se a sede do primeiro vinho neutro em carbono do mundo.

Esse foco na neutralidade de carbono também está começando a se infiltrar no consumo de energia corporativo. Diante da pressão dos consumidores para serem verdes e reduzir seu impacto no meio ambiente, as marcas e fabricantes multinacionais de bens de consumo que estabeleceram bases na América Latina, devem mudar sua abordagem e repensar de onde vêm suas necessidades de eletricidade.

Este é o início de uma transformação que não vai parar. Os consumidores não querem mais simplesmente produtos sustentáveis – eles querem que as empresas das quais estão comprando sejam sustentáveis em todas as suas operações corporativas. Na verdade, essa tendência é ainda mais evidente na América Latina do que em outras regiões do mundo, em grande parte porque o impacto da mudança climática já está se fazendo sentir – do derretimento das geleiras andinas a eventos climáticos extremos. Quando questionados pela LAPOP’s Americas Barometer sobre a gravidade do problema da mudança climática em seu país, 75% da população da América do Sul e 82% dos mexicanos e da população da América Central a caracterizaram como “muito grave” – em comparação com apenas 40% nos Estados Unidos e Canadá.

Esta é também uma mudança geracional – o último Relatório Global de Compradores Sustentáveis realizado pela Nielsen, mostrou que 85% dos latino-americanos que nasceram na década de 1980 e início de 1990 estão preocupados com a sustentabilidade dos processos de produção das empresas, contra 72% da geração de seus pais. E se a ascensão do ativismo climático que vimos na geração Z até agora for algo a ser visto como exemplo, essa tendência só vai continuar.

OS EVENTOS DE 2020 ACELERARAM A TENDÊNCIA

Existe, é claro, outro fator que leva ao aumento da consciência do consumidor em relação à sustentabilidade. A pandemia COVID-19 demonstrou inequivocamente a relação entre os seres humanos e o mundo natural, bem como o grau em que todos na Terra estão interligados. Como resultado, para os consumidores, a agenda da sustentabilidade ganha nova importância.

Uma pesquisa recente realizada pela empresa de consultoria BCG constatou que nove décimos dos consumidores entrevistados disseram estar tão ou mais preocupados com as questões ambientais após o surto do vírus e quase 95% disseram acreditar que suas ações pessoais poderiam ajudar a reduzir o lixo insustentável, combater as mudanças climáticas e proteger a vida selvagem e a biodiversidade. Quase um terço disse que essa crença havia se fortalecido como resultado da crise.

Entretanto, como as empresas continuam a lutar com os impactos persistentes das restrições de movimento, interrupções na cadeia de suprimentos e queda na demanda causada pela pandemia, priorizar a sustentabilidade e o desempenho ambiental é, para muitos, a última prioridade da lista.

Acreditamos que isso seria um erro. A pressão do consumidor não está desaparecendo – só está aumentando. As empresas que deixarem de lado seus esforços agora, provavelmente estarão acumulando riscos para o futuro, enquanto aquelas que optarem por se engajar novamente em iniciativas de sustentabilidade, ganharão uma vantagem competitiva distinta.

ENERGIA RENOVÁVEL – UMA ESTRATÉGIA SÓLIDA

Uma forma pragmática de alcançar o tipo de sustentabilidade que os consumidores esperam cada vez mais é observar o que pode gerar o maior impacto nas emissões de carbono. Para a grande maioria das empresas, o consumo de energia é o maior responsável e é por isso que, em toda a região, um número crescente de empresas está mudando para energias renováveis e a sociedade civil está se preparando para apoiá-las.

De fato, as empresas na América Latina têm uma vantagem comparativa em relação a muitas de suas congêneres em todo o mundo. Amplos recursos renováveis, juntamente com uma estrutura regulatória favorável em muitos países, abriram caminho para que mais e mais usuários corporativos de energia se tornem verdes.

Esse interesse crescente gerou um aumento no número de contratos corporativos de compra de energia (PPAs) para energia renovável, onde 2019 testemunhou um aumento de três vezes nos contratos assinados. Um contrato feito sob medida entre um comprador corporativo e um produtor de energia, os PPAs renováveis, permitem que as empresas comprem ou gerem energia renovável suficiente para cobrir 100% ou mais de seu uso de eletricidade ao longo do ano, permitindo-lhes garantir que a base de suas operações seja sustentável.

Nossa equipe, por exemplo, foi a primeira a implementar um PPA solar privado no Chile há cerca de oito anos e, desde então, repetimos esse sucesso no Brasil e no México. Em 2020, a Atlas Renewable Energy assinou mais de 660 MW em PPAs corporativos na América Latina, o que nos tornou o principal desenvolvedor da região por volume contratado, de acordo com a Bloomberg. À medida que as empresas se ajustam às novas demandas dos consumidores, vemos um número crescente de consultas de líderes empresariais perguntando como eles podem aproveitar a energia renovável para cumprir seus objetivos ASG (Ambientais, Sociais e de Governança). Os números são claros: de acordo com um estudo recente da Universidade de Stanford, que analisou o impacto nas emissões de carbono das empresas ao mudar para energias renováveis, uma estratégia 100% solar reduziria as emissões anuais de carbono em até 119% da pegada de carbono de uma empresa – levando a um grande salto a frente em seu desempenho ambiental.

O novo consumidor verde de hoje não quer apenas saber a origem do que compra, ou como é embalado. Eles querem ver compromissos reais das empresas de que estão fazendo tudo o que podem para minimizar o impacto no meio ambiente. A sustentabilidade não é mais um complemento, e acreditamos que uma estratégia de energia sólida com energias renováveis ​​em seu núcleo, deve ser um pilar fundamental dos esforços das empresas para responder às demandas dos consumidores.

Mesmo com a pandemia da Covid-19 levando a economia global à recessão, 2020 foi um ano bom para o setor de energia renovável, como uma classe de ativos. Com novos ventos favoráveis prometendo impulsionar o setor, acreditamos que 2021 verá uma recuperação ainda maior do interesse do mercado de capitais pelo setor.

Apesar de numerosos ventos em contrário, a economia global continuou sua transição para a energia renovável em 2020, com uma quantidade recorde de nova capacidade instalada em todo o mundo. A saúde do setor estava em nítido contraste com a da infraestrutura e dos combustíveis fósseis, e a subsequente fuga para a qualidade se traduziu em inundações de capital à medida que as instalações continuaram a crescer, apesar das perturbações econômicas e sociais causadas pela pandemia do Coronavírus.

Em geral, os investimentos de baixo carbono – que cobrem a energia renovável e outras tecnologias que reduzem a dependência de combustíveis fósseis – aumentaram 9% em 2020, de acordo com uma análise da Bloomberg New Energy Finance (BNEF). E essa tendência de alta parece que vai continuar. De acordo com uma pesquisa recente da Octopus Capital, os investidores institucionais globais planejam aumentar sua alocação em energia verde de 4,2% de sua carteira geral, para 8,3% nos próximos cinco anos e para 10,8% dentro da próxima década. 

UMA OPÇÃO ATRAENTE

Um dos principais fatores por trás disso é a crescente demanda por energia limpa em meio à pressão política para cumprir os objetivos ambiciosos do acordo de Paris, um compromisso climático internacional para manter o aumento da temperatura global abaixo de 2%. Segundo o Goldman Sachs, o cumprimento desses compromissos exigirá investimentos de até US$30 trilhões em infraestrutura de energia limpa até 2040. O banco de investimento espera que esta clara trajetória de crescimento impulsione os gastos com projetos de energia renovável acima dos gastos com petróleo e gás neste ano – a primeira vez na história que isso vai acontecer.

PREVISÍVEL, ESTÁVEL E COMPETITIVO

Mas, além da crescente demanda por energias renováveis, há vários outros fatores em jogo que estão levando mais investidores a entrar no setor. O primeiro é sua estabilidade. Os produtores de energia tradicionais raramente firmam contratos de preços que abrangem décadas. Os produtores de energias renováveis, por outro lado, podem fazer isso, graças à inesgotabilidade de suas fontes de energia.

A pesquisa da Octopus Capital, que cobriu investidores de todo o mundo com ativos totais combinados de US$6,9 trilhões, descobriu que mais da metade dos entrevistados veem a previsibilidade da energia verde como um motivo para capitalizar no mercado. Historicamente, e como foi ilustrado com um dia sem precedentes em 2020, quando o preço do petróleo ficou negativo, os preços dos combustíveis fósseis e, por extensão, da eletricidade baseada em combustíveis fósseis, têm sido extremamente voláteis

O custo das energias renováveis, entretanto, tornou-se cada vez mais competitivo comparado com os combustíveis fósseis, à medida que novas tecnologias, incluindo painéis solares bifaciais e rastreadores, estão ajudando a melhorar a eficiência. Consequentemente, o custo médio de energia (LCOE) da energia solar, despencou de US$359 em 2009 para uma média de US$40 uma década depois – uma queda de 89%. Segundo Marcel Alers, chefe de energia do PNUD, “agora é mais barato usar a energia solar do que construir novas usinas de carvão na maioria dos países e a energia solar é agora a eletricidade mais barata da história.”

Os investidores também estão sendo atraídos pela promessa de gastos governamentais vultosos e de incentivos fiscais para projetos verdes à medida que as economias em todo o mundo buscam retornar ao crescimento. Por exemplo, ao tomar posse, o recém-eleito presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou um plano de investimento em energia limpa de US$2 trilhões, visando 100% de eletricidade limpa até 2035. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, o “Acordo Verde” da União Europeia inclui US$572 bilhões destinados a gastos em projetos verdes, entre eles a geração de energia renovável.

RISCO VERSUS RECOMPENSA

Outro fator é o risco envolvido em combustíveis fósseis comparado com energias renováveis. Um estudo recente do Instituto de Estudos de Energia da Universidade de Oxford perguntou a investidores institucionais, incluindo gestores de ativos, fundos de hedge e investidores de capital privado nos EUA e na Europa, qual seria a taxa mínima exigida para investir em diferentes projetos de energia e descobriu que os investidores agora esperam riscos maiores em projetos de petróleo e gás em comparação com projetos de energia solar e eólica. 

De fato, para 2021, o Goldman Sachs coloca a taxa mínima para os projetos atuais de combustíveis fósseis em até 20%, contra apenas 3 a 5% para projetos de energias renováveis, demonstrando não apenas que questões como o potencial de ativos de combustíveis fósseis encalhados se tornaram uma preocupação central, mas também que a energia renovável não é mais vista como uma aposta marginal, e sim como uma classe de ativos dominante.

As perspectivas macroeconômicas também favorecem as energias renováveis. À medida que os governos continuam a implementar os pacotes financeiros relacionados ao Covid, as taxas de juros devem permanecer mais baixas por mais tempo. Enquanto isso, a expansão econômica parada resultou em uma escassez geral de oportunidades de investimento de alto rendimento, deixando os investidores em busca de investimentos de longo prazo e de baixo risco – que os projetos de energia renováveis e a energia solar em particular – oferecem aos montes.

Como resultado, metade dos investidores entrevistados pela Octopus Capital disseram que esperam que a energia renovável gere retornos líquidos anuais superiores ao do mercado, de 5% a 10% nos próximos 12 meses, e 80% disseram que planejam aumentar as alocações neste setor ao longo dos próximos três a cinco anos.

Na América Latina, estamos observando uma tendência semelhante à medida que os investidores buscam oportunidades em energias renováveis para atender sua busca por rendimento. Em particular, os projetos com oportunidades de receita que são contratados por períodos mais longos e com uma maior proporção de capacidade de geração, estão se tornando cada vez mais atraentes.

TORNAR-SE VERDE VIROU IMPERATIVO

A quase inevitabilidade da precificação do carbono, bem como a pressão crescente sobre as empresas para que informem sobre os seus riscos climáticos, também tem visto os investidores começarem a refinar suas carteiras para evitar perdas futuras, abandonando os combustíveis fósseis, tanto petróleo como carvão, substituindo-os por energias verdes.

Segundo a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, de janeiro a novembro de 2020, investidores em fundos mútuos e ETFs investiram US$288 bilhões globalmente em ativos sustentáveis, um aumento de 96% em todo o ano de 2019. Em sua recente carta de 2021 aos CEOS, Larry Fink, o presidente do conselho e CEO da empresa, anunciou que a empresa agora irá implementar um “modelo de maior escrutínio” em suas carteiras ativas, como uma estrutura para a gestão de participações que representam um risco climático significativo, incluindo a sinalização para uma possível saída dessas participações.

Investimentos verdes certificados, em linha com padrões como os “Princípios de Títulos Verdes” e os “Princípios de Empréstimos Verdes”, também estão se consolidando no mercado. Na Atlas, implementamos a nossa “Estrutura Financeira Verde” em nossos projetos recentemente anunciados e estamos observando uma tendência crescente no número de investidores que procuram participar de instrumentos de financiamento verde, incluindo títulos e empréstimos.

Assim, à medida que os investidores avaliam até que ponto o risco climático é um risco de investimento, os projetos de energias renováveis se tornaram uma alternativa atraente para investidores, tanto em infraestrutura como em energia.

UM FUTURO BRILHANTE

Contra todas as probabilidades, a transição global para as energias renováveis continuou acelerada no ano passado e essa tendência não mostra sinais de desaceleração. Dado todo o crescimento esperado à frente, acreditamos que a energia renovável oferece um potencial de retornos para os próximos meses e anos que superam o mercado e esperamos não ver falta de interesse de investidores que procuram investimentos estáveis e previsíveis e que se alinham com seus objetivos ASG – Ambientais, Sociais e de Governança – relacionados.

Nos últimos anos, a energia renovável sofreu uma redução dramática no custo e agora é mais competitiva do que os combustíveis fósseis em muitos mercados. Em 2021, acreditamos que este declínio, combinado com mudanças políticas abrangentes em todo o mundo e um foco corporativo renovado na sustentabilidade na esteira da pandemia de Covid-19, levará a uma enorme oportunidade de crescimento global em energia renovável. Eis o porquê.

OS EUA RETORNAN  A PARIS

Uma das prioridades imediatas do recém-inaugurado governo Biden-Harris é uma ação rápida sobre a mudança climática. Em seu primeiro dia de mandato, o presidente Joe Biden assinou uma ordem executiva abrangente para aderir novamente ao Acordo de Paris, como parte de um plano para os EUA atingirem emissões zero até 2050. O acordo, do qual o antigo governo se retirou oficialmente em 2020, visa limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius em comparação com os níveis pré-industriais, reduzindo as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa até o ano de 2050.

De acordo com uma nota recente de Jahnavi Nadipi, um analista de mercados de energia da Platts Analytics North American, os EUA precisarão de até 238 GW a mais de energia solar e eólica para cumprir as metas do acordo – mais do que o dobro de sua capacidade instalada atual. Para atender a isso, o presidente Biden estabeleceu uma meta ambiciosa de investimento de US$2 trilhões em infraestrutura de energia limpa nos próximos quatro anos, aumentando as perspectivas de curto prazo para o setor de energias renováveis.

A CHINA PLANEJA DOBRAR A CAPACIDADE TOTAL DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

No final de 2020, o presidente chinês Xi Jinping, pela primeira vez, estabeleceu planos concretos para atingir zero de emissões líquidas de dióxido de carbono. O país planeja atingir 1,2 TW de capacidade de energias renováveis até 2030 – uma quantidade igual ao total global da capacidade solar e eólica instalada atualmente. A China Photovoltaic Industry Association (CPIA), o principal grupo da indústria solar do país, diz que espera ver 70-90 GW de energia solar nova adicionada a cada ano até 2025.

O MUNDO PRETENDE ZERAR AS EMISSÕES LÍQUIDAS

Além das duas maiores economias do mundo, uma onda de compromissos de outros signatários do Acordo de Paris, incluindo Canadá, Índia, União Europeia, Japão, África do Sul e Coreia do Sul, colocaram as metas de 1,5° C do Acordo a um prazo relativamente curto pela primeira vez, de acordo com o Climate Action Tracker (CAT). Em um sinal claro para financiadores, investidores, fabricantes e desenvolvedores de projetos, os governos estão agora buscando uma expansão mais rápida das fontes de energia renováveis para cumprir essas metas mais rígidas.

LEILÕES EM ANDAMENTO NA AMÉRICA LATINA

O ritmo recente de crescimento da energia limpa na América Latina não mostra sinais de diminuir. O governo colombiano oferecerá 5.000 MW de capacidade em seu terceiro leilão de energia renovável no primeiro trimestre deste ano, passando de menos de 50 MW de energias renováveis instaladas em 2018, para mais de 2,8 GW até o final de 2022. Enquanto isso, em maio, o Chile vai lançar um leilão para 2,31 TWh de energias renováveis e armazenamento.

A RETOMADA DE NEGÓCIOS COM RENOVÁVEIS

O ímpeto político crescente para atingir metas climáticas ambiciosas não passou despercebido às empresas de energia e serviços públicos e muitos passaram 2020 mudando seu foco para negócios focados na sustentabilidade. Na América Latina, a Atlas Renewable Energy assinou um total de 660 MW em PPAs corporativos – um número recorde, o que nos torna o principal desenvolvedor da região por volume contratado para 2020, de acordo com a Bloomberg

Em março, assinamos o maior contrato de compra e venda de energia solar já feito no Brasil, com o conglomerado de mineração Anglo American, ajudando-o a concretizar sua estratégia de utilizar 100% de energia renovável para suas operações no Brasil a partir de 2022. Em junho, assinamos um contrato de 15 anos com a gigante da ciência de materiais Dow para fornecer a ela energia limpa de nosso projeto solar Jacaranda de 187 MWp, localizado no município de Juazeiro, no estado da Bahia, Brasil. A usina vai gerar 440 GWh por ano, o que é suficiente para fornecer energia a uma cidade com mais de 750 mil habitantes, permitindo à Dow se aproximar de suas metas de utilização de energia renovável. 

Esta é uma tendência global. Nos EUA, a Dominion Energy e a Duke Energy arquivaram seu projeto conjunto do Oleoduto da Costa Atlântica, enquanto a Dominion vendeu seu negócio de transmissão e armazenamento de gás e anunciou uma série de acréscimos ao seu portfólio solar. Enquanto isso, a estratégia de transição energética da petrolífera francesa Total continua em ritmo acelerado, com a aquisição de uma participação de 20% na Adani Green Energy da Índia, a maior desenvolvedora de energia solar do mundo.

INVESTIDORES SE AGRUPAM EM PROL DA ENERGIA LIMPA

Em 2020, os mercados de ações globais foram prejudicados pela pandemia de Covid-19, mas a indústria de energia limpa se manteve firme, com o Índice Global de Energia Limpa da S&P registrando um aumento impressionante de 135,4% ao longo do ano. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), as ações de fabricantes de equipamentos e desenvolvedores de projetos de energia renovável superaram os principais índices do mercado de ações em 2020, enquanto o valor das ações de empresas de energia solar mais do que dobrou desde dezembro de 2019. Com a Goldman Sachs anunciando sua expectativa de que a energia renovável se tornará a maior área de investimentos no setor de energia em 2021, ultrapassando pela primeira vez a produção de petróleo e gás, esperamos que esta tendência se acelere, já que os grandes investidores procuram capitalizar sobre o aumento da demanda.

GRANDES USUÁRIOS DE ENERGIA OPTAM PELA ENERGIA LIMPA

Os compromissos das grandes corporações para reduzir suas emissões de CO₂ pouco avançaram nos últimos anos, mas 2020 viu os líderes de mercado converterem promessas em ações – aumentando a demanda por mais investimentos em energia renovável. Em maio de 2020, 155 empresas – com uma capitalização de mercado somada em mais de US$ 2,4 trilhões – assinaram uma declaração instando os governos em todo o mundo a alinhar seus esforços de recuperação e ajuda econômica COVID-19 com a ciência climática atual. Em julho, a Microsoft, juntamente com a AP Moeller-Maersk, Danone, Mercedes-Benz, Natura & Co., Nike, Starbucks, Unilever e Wipro criaram a iniciativa “Transitar para Emissões Líquidas Zero”, com a empresa de tecnologia se comprometendo a desenvolver um portfólio de 500 megawatts de projetos de energia solar em comunidades com poucos recursos nos EUA. Enquanto isso, o Google se comprometeu em setembro a atingir 100% de energia renovável até 2030, enquanto o recém lançado Programa de Energia Limpa para Fornecedores da Apple, fez com que 71 parceiros de fabricação em 17 países se comprometam com 100% de energia renovável na produção para o gigante da tecnologia, já que a Apple se comprometeu em fazer a transição para fontes limpas de toda a eletricidade usada em sua cadeia de suprimentos de manufatura até 2030.

AUMENTO RECORDE NOS PROJETOS ONLINE

Durante o auge da pandemia, quando a demanda geral de energia elétrica diminuiu drasticamente, a participação da energia renovável na rede elétrica aumentou e essa tendência deve continuar. De acordo com a IEA, quase 90% da nova geração de eletricidade em 2020 foi renovável, com apenas 10% movida a gás e carvão, colocando a eletricidade verde no caminho para se tornar a maior fonte de energia até 2025, substituindo o carvão. Nos EUA, o último inventário de geradores de energia elétrica, desenvolvedores e proprietários de usinas elétricas, da Energy Information Administration (EIA), mostra que 39,7 GW de nova capacidade de geração de eletricidade entrarão em operação comercial em 2021, com a energia solar respondendo pela maior parte da nova capacidade, com 39%, seguida pela energia eólica, com 31%.

O DINHEIRO DA RECUPERAÇÃO DO COVID SEGUE PARA A ENERGIA RENOVÁVEL

Apesar da pandemia e da consequente recessão global, os planos de descarbonização continuaram durante 2020, demonstrando a aceitação da necessidade de ação climática independentemente do cenário econômico. Com o dinheiro de estímulo da Covid-19 agora na mesa, a International Finance Corporation (IFC) diz que apoiar investimentos de baixo carbono e capacidade de geração de energias renováveis poderia gerar uma oportunidade de investimento de US$ 10,2 trilhões, criar 213 milhões de empregos e reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 4 bilhões de toneladas até 2030.

ALIMENTANDO O NOVO NORMAL – SEM VOLTAR ATRÁS

Tomadas em conjunto, todas essas tendências indicam para o setor de energias renováveis um forte crescimento em 2021 – e além. Conforme os gráficos da economia global, um caminho em direção a uma nova energia normal e limpa pode impulsionar uma recuperação verde que não deixa ninguém para trás. E, com o aumento da demanda, uma estrutura regulatória favorável e o crescente apetite dos investidores por projetos verdes, acreditamos que as perspectivas para o setor são melhores que nunca.

Em toda a América Latina, as empresas perceberam a necessidade de incorporar a sustentabilidade ao que fazem. Mas, à medida que o relógio da mudança climática continua correndo, estamos vendo os líderes empresariais começarem a se perguntar como lidar com essa questão em uma escala maior e mais impactante, e acreditamos que vale a pena ter essa conversa.

O último World Economic Outlook, publicado em outubro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra que estamos em um momento crucial da história. No ritmo atual, as temperaturas globais irão aumentar “bem acima dos níveis seguros acordados no Acordo de Paris, aumentando o risco de danos catastróficos para o planeta”, o referido documento observa e acrescenta que a janela para atingir zero de emissões líquidas até 2050, está se fechando rapidamente. A hora de agir é agora.

As empresas fabricam e enviam quase tudo que compramos, usamos e jogamos fora e, portanto, desempenham um papel desproporcional nas emissões globais. Nos últimos anos, vimos empresas em nossa região começarem a olhar seriamente para a sustentabilidade e a adesão, tanto de funcionários como de consumidores, tem sido encorajadora.

No entanto, acreditamos que, a menos que as empresas façam uma mudança decisiva para lidar com os principais elementos de emissões de CO2 em seus negócios, a maioria dos seus esforços não fará diferença suficiente.

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS PARA ALÉM DO ESCRITÓRIO

Nos últimos anos, observamos que ser ecológico se tornou parte integrante da vida cotidiana do escritório, à medida que empresas da região implementaram políticas que vão desde a instalação de lâmpadas de baixo consumo de energia em edifícios, até a promoção do uso de alternativas ao plástico descartável. A ideia do escritório sem papel se enraizou e os recipientes de recicláveis estão agora na maioria dos locais de trabalho profissionais. Enquanto isso, um número crescente de empresas está promovendo o uso de materiais de construção sustentáveis, como móveis reciclados e tapetes feitos de materiais reciclados, em seus escritórios. Também estamos vendo empresas começarem a exigir de seus fornecedores práticas de fabricação mais ecológicas, enquanto outras começaram a promover o descarte seguro dos produtos que fabricam.

Esses passos são obviamente positivos. As empresas que adotam práticas ecológicas criam imagens positivas de suas marcas entre os consumidores e elevam a moral dos seus funcionários, que passam a acreditar no que sua empresa está fazendo. Mas, será que isso faz uma diferença real?

EMPRESAS LATINO-AMERICANAS QUEREM FAZER MELHOR

A cada ano, a Avaliação de Sustentabilidade Corporativa Global da S&P avalia as práticas de sustentabilidade em 124 empresas que participam ativamente da América Latina. Pelo terceiro ano consecutivo, as empresas da região aumentaram sua participação no CSA, de 38% das empresas convidadas em 2018 para 46% em 2019, o que demonstra que um número crescente de empresas está disposto a abordar e melhorar seu desempenho em sustentabilidade. De fato,  a taxa de participação para a América Latina está acima da taxa de participação global, demonstrando que existe uma tendência real em curso para que as empresas tenham um desempenho melhor.

O progresso que elas estão fazendo, no entanto, é lento. A avaliação da S&P considera uma série de dimensões de sustentabilidade, mas na estratégia ambiental e climática, as empresas latino-americanas estão bem abaixo da média global, mostrando que, embora estejam ativamente buscando reduzir as emissões, ainda há muito mais que poderiam estar fazendo.

ENERGIA É IMPORTANTE

Do ponto de vista das emissões, a América Latina é diferente de muitas outras regiões globais, pois a maior parte de sua produção de gases de efeito estufa provém do uso da terra e da agricultura, e não da energia. No entanto, isso deve mudar rapidamente, uma vez que o crescimento econômico e a crescente classe média devem elevar a demanda de energia para pelo menos 80% acima dos níveis atuais até 2040, de acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, levando a emissões totais decorrentes da geração de energia a atingir aproximadamente 2 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono equivalente (MTCO2e) por ano.

Para compensar isso, seria necessário trocar 76 bilhões de lâmpadas incandescentes por LEDs ou reciclar 680 milhões de toneladas de lixo. Levando isso em conta, as iniciativas de pequena escala que estão sendo realizadas em escritórios, na tentativa de se tornarem ecológicos, são apenas uma gota no oceano.

É claro que somente reduzindo as emissões de energia as empresas serão capazes de minimizar sua pegada de carbono, e isso é algo em que cada vez mais líderes empresariais estão começando a pensar seriamente.

FAZENDO A DIFERENÇA

Como muitas empresas já fizeram o máximo que puderam para reduzir seu uso geral de energia, a mudança para a energia renovável apresenta a melhor e mais abrangente maneira de reduzir as emissões sem comprometer o desempenho, além de adicionar reduções significativas de custo. Embora descobrir como aproveitar o poder da energia renovável para atingir as metas de redução de emissões possa parecer uma tarefa difícil, a boa notícia é que os líderes empresariais não precisam se tornar especialistas em abastecimento de energia para fazer isso.

Na Atlas Renewable Energy, estamos começando a ouvir um número crescente de empresas que estão comprometidas em fazer uma diferença real em sua pegada de carbono. Também não são apenas os suspeitos do costume nas indústrias mais poluentes: empresas de todos os setores em toda a América Latina, do varejo e manufatura à indústria pesada e além, sabem que precisam fazer mais em sustentabilidade. A região ainda tem um longo caminho a percorrer, mas acreditamos que a maré está mudando, à medida que mais líderes empresariais despertam para a necessidade de tomar medidas reais em prol da sustentabilidade corporativa. A sua empresa está pronta para dar o próximo passo?

Na Atlas Renewable Energy, assinamos recentemente um acordo de compra de energia renovável com a subsidiária brasileira da gigante americana de ciência dos materiais Dow. Este acordo histórico estabelece a estrutura para que as empresas químicas em toda a América Latina alcancem seus objetivos ambientais, ao mesmo tempo em que reduzem os custos de energia. Neste artigo, analisamos mais de perto o que torna este projeto tão inovador.

Como a maioria das empresas industriais, há muito tempo a Dow procura reduzir as implicações ambientais e de custos de suas atividades intensivas em energia. Sua posição de liderança como fornecedor de produtos químicos, plásticos, fibras sintéticas e produtos agrícolas, também significa que ela é um dos maiores consumidores de energia industrial do mundo.

No passado, a Dow utilizou energia de rede e combustíveis fósseis para alimentar suas usinas, mas como a energia renovável se tornou mais competitiva e disponível nos últimos anos, ela começou a repensar seu portfólio de energia, estabelecendo uma meta difícil, que consiste em suprir 750 MW de sua demanda de energia com energias renováveis até 2025, e alcançar neutralidade de carbono até 2050.

Para ajudar a atingir este ambicioso objetivo, a empresa fez uma parceria com a Atlas para fornecer energia limpa ao seu complexo Aratu no Brasil, a maior fábrica da Dow no país.

Este acordo pioneiro não só evita aproximadamente 35.000 toneladas métricas de emissões de CO2 por ano – o equivalente a tirar cerca de 36.800 carros das ruas de São Paulo – mas lança também as bases para que o resto da indústria química latino-americana aproveite os benefícios da energia renovável para alcançar as metas de mitigação da mudança climática, ao mesmo tempo em que mantém os preços estáveis da energia a longo prazo.

CRIANDO EFICIÊNCIAS

Sob o contrato de 15 anos de compra de energia, forneceremos à Dow a energia limpa de nosso projeto solar Jacaranda de 187MWp, localizado no município de Juazeiro, no estado da Bahia. A usina gerará 440GWh por ano, o que é suficiente para fornecer energia a uma cidade com mais de 750.000 habitantes, permitindo que a Dow se aproxime de suas metas de fornecimento de energia renovável.

Um dos principais problemas com a energia solar é a intermitência – o sol não brilha 24 horas por dia. Como a Dow precisa de energia o dia todo, a Atlas vai trocar energia de Jacarandá com outros fornecedores de energia renovável, para garantir um fornecimento de ciclo completo. Essencialmente, ao empacotar nossa energia solar com fontes renováveis adicionais que estão disponíveis no mercado, tornamos possível para a Dow suprir todas as suas necessidades de energia com energias renováveis e não apenas suas necessidades diurnas. É a primeira vez que isso é feito no Brasil e abre oportunidades para empresas que podem ter sido dissuadidas do uso de renováveis devido ao seu perfil de demanda de energia elétrica.

Como um grande usuário de energia, a eletricidade é responsável por uma proporção enorme dos custos fixos da Dow, e mesmo o menor aumento, pode ter um enorme impacto em seus resultados. Para lidar com isso, a Atlas incorporou uma série de medidas de aumento de eficiência. 

A primeira são os módulos bifaciais utilizados na planta, que podem proporcionar um ganho de geração de energia de até 9% sobre painéis faciais mono equivalentes, reduzindo o uso do solo para a mesma quantidade de eletricidade. Em segundo lugar, o projeto está sendo conectado à subestação digital da Atlas, o que melhora a controlabilidade e a confiabilidade, otimizando os custos. Mas a eficiência não pára por aí: também implementamos uma estrutura única de financiamento em dólares americanos, que criou uma cobertura natural de moeda.

FALANDO A MESMA LÍNGUA

Ao selecionar um parceiro para ajudá-la a atingir seus objetivos, a Dow estava procurando uma empresa com os mesmos valores. É por isso que, além de energia limpa e preços favoráveis como parte do Atlas Green Finance Framework – nosso compromisso de desenvolver projetos que protejam e preservem o meio ambiente – também incorporamos nossa assinatura de compromisso social. Na fábrica de Jacaranda, estamos oferecendo oportunidades à comunidade local que promovem a diversidade e a inclusão dentro do processo de contratação da obra. Para fazer isto – e fazer isto bem – trouxemos ONGs e autoridades locais para nos ajudar a fornecer treinamento em campos especializados às mulheres locais, e estamos incentivando nossos empreiteiros locais a priorizar pessoas de origem minoritária em seus processos de contratação.

UM PARCEIRO CONFIÁVEL E CAPAZ

Conseguir tudo isso durante a turbulência e a agitação que 2020 trouxe ao mundo, não foi uma proeza sem importância. Trabalhamos muito para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores em nossas instalações porque sabemos como a energia renovável é importante para a recuperação da economia da América Latina pós-Covid19. Como resultado, nossa capacidade operacional, nossa execução e nossa velocidade de fechamento têm permanecido ótimas.

Temos sido capazes de fazer tudo isso porque não somos novatos nisto. Já temos quatro projetos em operação no Brasil e vários outros em toda a região. Todos eles foram entregues dentro do prazo e do orçamento, o que reforçou nossa reputação entre financiadores e parceiros. Por causa disso, apesar do difícil cenário econômico e financeiro, estamos na posição privilegiada de poder negociar condições favoráveis de financiamento – o que se traduz em economia de custos que podemos repassar aos nossos clientes.

O INÍCIO DE UMA TENDÊNCIA

Na América Latina, a energia renovável já é tão acessível quanto – se não mais barata do que – as fontes tradicionais. Este Acordo de Compra de Energia Corporativa, que alavanca a inovação financeira, operacional e tecnológica, torna possível aos grandes consumidores de energia na indústria química, entre outras,  a dar um enorme passo para alcançar suas metas de redução de emissões de carbono, ao mesmo tempo em que ganham visibilidade real sobre seus custos de energia a longo prazo.

Estamos vendo um número crescente de consultas deste tipo de empresas, e continuamos a encontrar soluções competitivas para elas. A indústria de mineração já aceitou a proposta – desde a fábrica da Atlas em Casablanca, que fornecerá energia limpa para a gigante mineradora Anglo American no Brasil, até nossa fábrica Javiera no Chile, que já alimenta uma mina de cobre. Nosso acordo com a Dow mostra o quanto podemos alcançar quando dois líderes em seus respectivos campos se reúnem. Acreditamos que ele abre o caminho agora para a indústria química se juntar à revolução da energia verde por toda a região.

Nos últimos anos, assistimos ao início de uma transição de sustentabilidade de longo alcance entre as empresas da América Latina, que começou lentamente a se mover na direção da criação de economias mais justas, mais inclusivas para todos.

Como região, a América Latina sofre um impacto descomunal da mudança climática, com fenômenos climáticos extremos, desde furacões no Caribe até El Niño na costa do Pacífico, bem como a elevação do nível do mar e a má qualidade do ar, o que torna as considerações ambientais ainda mais importantes.

Mas é também uma região onde podem ser feitos enormes progressos em outras métricas de sustentabilidade, tais como a melhoria da subsistência rural, contribuindo para o aumento da igualdade de gênero e aumentando a participação das populações indígenas e minoritárias na economia.

Nos últimos anos, temos visto um número crescente de empresas em toda a América Latina começar a se concentrar nestas questões. As melhores práticas ambientais, sociais e de governança internacional (ESG em inglês) estão sendo integradas às corporações da região, e isso está acontecendo em todos os setores. A IndexAmericas[1], criada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), destaca as 100 melhores empresas sustentáveis que operam na América Latina e no Caribe, medidas em relação a critérios ambientais, sociais e de governança corporativa, bem como sobre seu desempenho em áreas como igualdade e diversidade de gênero.

O índice tem sido composto em grande parte por multinacionais estrangeiras desde sua criação, mas nos últimos três anos, o número de empresas latino-americanas aumentou quase 30%, demonstrando o quanto a questão da sustentabilidade corporativa está ganhando força na região.

Outro exemplo desta tendência crescente pode ser encontrado no Dow Jones Sustainability MILA Pacific Alliance Index. Ele mede as melhores empresas da categoria no Chile, Colômbia, México e Peru que cumprem certas metas de sustentabilidade melhor do que a maioria de seus pares dentro de suas respectivas indústrias. Quando foi criado em 2017, apenas 42[2] empresas cumpriram essas metas . Hoje, esse número cresceu para 116[3].

A sustentabilidade também está se tornando um foco importante para os investidores da região  que,   de acordo com um estudo recente da Natixis[4],  mostram maior demanda pela ESG do que qualquer outra região do mundo, pois acreditam que ela pode ajudá-los a aumentar os retornos ajustados ao risco, bem como ajudá-los a alinhar seus ativos aos valores organizacionais.

Quando falamos com nossos parceiros na região, o que ouvimos é que a incorporação da ESG nos modelos de negócios não é uma moda. Tanto as empresas quanto os investidores estão buscando alcançar o resultado final de triplo sucesso social, ambiental e financeiro, e a tendência está ganhando força.

SER ECOLÓGICO POR SI SÓ NÃO É SUFICIENTE

A mudança para a energia renovável, especialmente em uma região tão abundante em energia solar e eólica como a América Latina, é uma possibilidade para as empresas que procuram reduzir sua pegada ambiental. Graças em grande parte aos esforços liderados pelo governo para aumentar o uso de energias renováveis, a região está fazendo progressos sólidos em direção a seus compromissos assumidos  no âmbito do Acordo de Paris.

Mas simplesmente “tornar-se ecológico” não equivale à sustentabilidade. A sustentabilidade é determinada por três parâmetros diferentes: ambiental, social e financeiro e, se uma corporação só muda para energia renovável, sem abordar as implicações mais amplas, ela está perdendo uma oportunidade.

Hoje, as  corporações latino-americanas  querem ter a garantia de uma solução de longo prazo que,  não apenas garanta a disponibilidade de eletricidade limpa sem prejudicar o acesso de terceiros  aos recursos, mas também que atue  como uma força para o bem na sociedade. Como resultado, um número crescente de empresas em toda a região não só está começando a explorar as possibilidades de acordos de compra de energia renovável, mas também está começando a questionar de onde vem o financiamento desses projetos, como a força de trabalho desses projetos está estruturada,  e como o desenvolvedor opera dentro das comunidades locais.

A ABORDAGEM DA ATLAS

Em nossa experiência, descobrimos que não há ganhos verdadeiramente rápidos em sustentabilidade. É por isso que a Atlas tem dedicado, desde o início, grandes quantidades de recursos à ESG, porque acreditamos que a verdadeira sustentabilidade vem de investimentos estratégicos a longo prazo.

Um grande foco para nós é a sustentabilidade social. Quando trabalhamos com as comunidades locais, nos concentramos em promover o aumento do bem-estar local. Em nossa opinião, construir relacionamentos com a comunidade local não significa apenas distribuir bolas de futebol ou uniformes escolares, significa também estar ciente do fato de que o ativo fará parte da comunidade por 30 anos e que, se administrado corretamente, pode representar uma oportunidade para a criação de empregos e geração de renda. Assumimos todas as implicações em torno da geração de energia, e nos confortamos em saber que nossa presença impulsiona a economia local onde quer que estejamos.

Como exemplo, em junho de 2020, a Atlas Renewable Energy e a Dow assinaram um contrato de energia solar em larga escala no Brasil. A quantidade de energia gerada cobrirá o equivalente às necessidades energéticas de uma cidade com mais de 750.000 habitantes, e resultará na prevenção de cerca de 35.000 toneladas métricas de emissões de CO2 por ano. Além disso, o projeto inclui um compromisso com a inclusão de gênero e geração de empregos rurais, com treinamento para a força de trabalho feminina local para que ela possa ter acesso às oportunidades de emprego mais bem remuneradas apresentadas pelo projeto. Durante a construção deste projeto, esperamos contratar de três a quatro vezes mais mulheres do que normalmente são empregadas nestes empreendimentos, com 70% do total da força de trabalho prevista para ser da área local.

Enquanto isso, em nossa planta solar Guajiro no México, fizemos parceria com a The Pale Blue Dot, uma organização mexicana que promove programas educacionais através do uso da tecnologia em escolas e centros comunitários, para fornecer a mais de 400 estudantes da comunidade local acesso à Internet e salas de aula digitais.

A sustentabilidade financeira também é um fator chave que contribui para a forma como fazemos negócios. Trabalhamos com parceiros de investimento de impacto, como o Fundo de Tecnologias Limpas do Grupo Banco Mundial e o IDB Invest do Banco Interamericano de Desenvolvimento  e procuramos, sempre que possível, obter taxas de juros favoráveis, incluindo nosso financiamento ao nosso desempenho ambiental e social.

Ser sustentável também representa mitigação de riscos, durante todo o projeto, desde garantir a transparência da cadeia de fornecimento de componentes até a concretização de projetos financiáveis que ganharam o apoio das comunidades nas quais operamos. Isto garante que possamos ajudar nossos parceiros corporativos a alcançar seus objetivos de sustentabilidade, proporcionando-lhes os benefícios ambientais, sociais e financeiros necessários para cumprir suas obrigações.


[1]https://indexamericas.iadb.org/en/Aboutus
[2]http://worldofficeforum.com/wp-content/uploads/2017/11/dow-jones-sustainability-index-mila-constituents.pdf
[3]https://www.spglobal.com/spdji/en/idsenhancedfactsheet/file.pdf?calcFrequency=M&force_download=true&hostIdentifier=48190c8c-42c4-46af-8d1a-0cd5db894797&indexId=91920628
[4]https://www.im.natixis.com/latam/research/latin-america-has-the-greatest-global-demand-for-esg-investments

Criar um desenvolvimento bem-sucedido de energia solar não se trata simplesmente de produzir energia a partir do sol. É um equilíbrio cuidadoso para garantir o custo mais optimizado de energia (LCOE) ao longo da vida do projeto, a melhor proposta de valor e as condições ideais de financiamento. E para obter esse equilíbrio correto, é necessário que os produtores de energia solar estejam na vanguarda da inovação, em todos os aspectos.

 Como a indústria continua a pressionar novos limites a cada ano, há quatro maneiras de abordar a inovação no espaço da energia solar. A inovação contínua em cada área é a única maneira dos fornecedores de energia solar garantirem o fornecimento do que, tanto os investidores como as empresas, precisam.

 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

 O primeiro, e provavelmente o mais óbvio aspecto da inovação em energia solar, é a tecnologia. Um dos desenvolvimentos mais interessantes dos últimos anos, tem sido a rápida adoção pelo mercado de módulos solares bifaciais, que produzem energia solar eficiente de ambos os lados. Mas, ao escolher qual módulo é a melhor opção, não acreditamos que seja suficiente que os fornecedores de energia solar simplesmente adicionem a tecnologia mais recente e esperem o melhor. Não há dúvida de que os módulos bifaciais podem aumentar a produção de energia, mas prever com precisão o aumento da produção para um projeto de sistema que cubra os custos adicionais, significa internalizar a pesquisa e o desenvolvimento, em vez de simplesmente confiar nas estimativas do fornecedor ou de terceiros.

Na Atlas, sabemos por longa experiência que o comportamento no mundo real frequentemente introduz uma série de novas variáveis a serem levadas em conta. Portanto, antes de introduzir módulos bifaciais, montamos nosso próprio laboratório em uma fábrica em escala de utilização e testamos diferentes tecnologias durante um ano. Isto nos deu confiança em nossos módulos e na quantidade real de energia que eles podem produzir em um determinado cenário. O mesmo vale para os rastreadores e inversores. Testando a tecnologia, podemos calcular melhor como conseguir melhorias de eficiência em múltiplas variáveis – o que não conseguiríamos fazer se dependêssemos apenas dos valores de base disponíveis no mercado, especialmente para novas tecnologias que ainda não são comuns.

 TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

O mundo do big data está sobre nós. No ambito da energia solar, temos visto enormes avanços sobre como a tecnologia digital pode impulsionar melhorias, desde a utilização de drones para inspeções de ativos, até aprendizagem de máquinas para monitoramento de plantas operacionais e mapeamento usando dados de satélite.

Como vimos em outras indústrias, ser capaz de aproveitar todo o potencial que a digitalização pode oferecer, cria uma enorme vantagem competitiva e a Atlas fez da inovação nesta área uma prioridade chave.

Um exemplo disso pode ser encontrado em nossa Planta Solar de Juazeiro, no Brasil. Grandes projetos de energia renovável normalmente envolvem a adição de uma subestação, o que requer tanto áreas amplas, quanto tempo de construção. Ao instalar a primeira subestação digital da região, quebramos fronteiras tecnológicas, além de aumentar a produtividade, a segurança e a confiabilidade. Comparada a uma subestação convencional, nossa subestação digital requer substancialmente menos espaço, reduz a quantidade de fios de cobre necessários e facilita a operação mais eficiente das redes de serviços públicos, incluindo monitoramento, diagnóstico e controle.

 INOVAÇÃO OPERACIONAL

 O custo da energia solar tem diminuído consistentemente com o tempo, já que uma tecnologia mais nova e melhor torna a produção de energia menos cara. No entanto, obter o melhor dessa tecnologia para melhorar a confiabilidade – que no final das contas é o que todos procuram – significa que os produtores solares devem procurar melhorar constantemente sua proposta de valor.

Somente ser capaz de oferecer eletricidade enquanto o sol brilha, não atenderá a todas as necessidades dos clientes, portanto, um parceiro forte reunirá uma gama de soluções, desde baterias ou outra tecnologia de armazenamento, até redes inteligentes que permitam economia de energia, ou mesmo que permitam que os clientes se desconectem da rede como e quando for necessário.

Ao utilizar ferramentas operacionais, desde sensores até inteligência artificial, a Atlas busca continuamente melhorias marginais, mitigando riscos para seus clientes e repassando economias e melhorias na disponibilidade.

Nosso objetivo final é levar energia solar a nossos clientes da melhor e mais eficiente maneira possível, o que significa focar todos os dias em melhores maneiras de fazer as coisas, desde nossos sistemas operacionais até nossos métodos de construção de plantas.

 INOVAÇÃO FINANCEIRA E CONTRATUAL

A inovação física na produção e fornecimento de energia solar é uma coisa, mas acreditamos que um parceiro verdadeiramente inovador precisa ir ainda mais longe.

A estratégia de financiamento de um produtor de energia solar é um fator importante para moldar a forma como ele pode conduzir seus negócios e que restrições ele tem em termos do que ele pode fornecer. A maioria dos projetos solares utiliza o financiamento tradicional de projetos, o que sobrecarrega o ativo em favor dos financiadores em uma ligação de um para um. Embora isto funcione perfeitamente na maioria dos casos, significa também que há pouca flexibilidade, o que significa que não é viável combinar diferentes usinas e diferentes off-takers com diferentes contratos de compra de energia (PPAs), ou ter a opção de adicionar parcelas de dívida e projetos adicionais.

Os produtores solares que conseguem pensar fora da caixa em relação ao financiamento, podem reduzir ainda mais os custos, mitigar riscos e repassar estes ganhos de eficiência a seus clientes.

 Na Atlas, buscamos continuamente maneiras de estruturar nossos contratos de PPA de forma mais flexível e, ao mesmo tempo, cumprimos com nossos parâmetros de risco. Trabalhando em melhores e mais sofisticadas práticas de mitigação de riscos, podemos nos aproximar ainda mais de nossos clientes, criando contratos que melhor se adaptem às suas necessidades, ao mesmo tempo em que garantimos um PPA sólido e financiável.

POR QUE TER UM PARCEIRO INOVADOR É IMPORTANTE?

A inovação se tornou uma necessidade competitiva para empresas em todo o mundo. Pesquisas recentes realizadas pela PwC mostraram que, nos últimos três anos, as empresas que inovam cresceram 16% mais rápido do que as que não o fazem, e essa lacuna tende a aumentar.

No âmbito da energia solar, com duração contratual de até 25 anos, a escolha de um parceiro sólido, rentável e em crescimento, é fundamental para um projeto de sucesso. As empresas mais confiáveis neste setor são as que estão em constante evolução, pois são as únicas que podem transmitir a confiança de que alcançarão os objetivos estabelecidos em um PPA solar.

COMPILAÇÃO DE FONTES

https://www.energyglobal.com/solar/22082019/atlas-renewable-energy-announces-new-solar-plant-in-brazil/
https://www.pwc.es/es/publicaciones/gestion-empresarial/assets/breakthrough-innovation-growth.pdf

Não há dúvida de que o primeiro semestre de 2020 não correu exatamente como planejado. No entanto, enquanto a atual situação econômica global tem estressado as indústrias a níveis inimagináveis, o cenário atual de preços baixos da energia proporciona aos grandes usuários corporativos de energia uma oportunidade sem precedentes para garantir custos reduzidos, reforçar seu modelo de negócios e se proteger contra incertezas futuras. Eis o porquê.

Ganhar controle sobre os custos

O impacto financeiro da crise da Covid-19 nas empresas da América Latina tem sido generalizado. No total, as ações da América Latina caíram 35%[1] nos primeiros seis meses deste ano, em comparação com uma perda de 10,4%[2] nos mercados emergentes como um todo.

Com tanta incerteza ainda pela frente, o planejamento do cenário a longo prazo é praticamente impossível. Mas ganhar controle sobre os custos de energia pode ser um meio de liberar capital de giro, fortalecer o balanço e ganhar visibilidade a longo prazo.

Esta é a primeira vez na história recente que o ambiente de preços da energia é tão favorável, e ninguém pode prever quanto tempo isto durará. E na maioria dos mercados da América Latina, a energia renovável é competitiva com as fontes convencionais, ou em muitos casos, até menos cara. Os grandes usuários de energia hoje têm uma oportunidade sem precedentes de negociar o melhor acordo de longo prazo, e não podem se dar ao luxo de perder esta oportunidade.

Por que energias renováveis?

Recentemente, temos visto a velocidade e a escala do que pode ser alcançado pelos movimentos de justiça social em todo o mundo, à medida em que os consumidores votam com suas carteiras para recompensar os atores responsáveis. O ativismo ambiental não é diferente. Empresas que reconhecem isto e transformam seus modelos de negócios longe das fontes de energia poluidoras estão garantindo um futuro de sucesso, respondendo a seus consumidores e readaptando sua estratégia, fornecimento e logística para o mundo de amanhã.

Já estamos vendo uma tendência crescente dos mercados financeiros para avançar em direção a empresas com políticas climáticas sólidas em vigor, tornando o capital mais escasso e mais caro para aquelas que não o fazem. Em janeiro deste ano, a BlackRock, a maior gestora de dinheiro do mundo, disse que sairá dos investimentos com altos riscos ambientais e acreditamos que isto é apenas o começo.

Com a Fitch e a S&P Global Ratings relatando que as condições de crédito na América Latina estão piorando em meio ao surto de Covid-19, as indústrias intensivas em energia em toda a região estão procurando atender suas necessidades de energia para resistir à tempestade nos mercados financeiros. Uma maneira de fazer isso é trazer as decisões de compra de energia internamente, a fim de controlar os atributos dos produto e serviços que elas estão comprando.

De fato, ter uma estratégia energética sólida tornou-se tão importante para muitas empresas quanto ter uma estratégia financeira sólida. Consumidores e acionistas querem agora ver a prova das credenciais verdes de uma empresa, seja mostrando que suas fontes de energia renovável substituíram uma fonte tradicional, ou que sua energia vem de um produtor com uma sólida relação comunitária e uma estratégia de programa social. Todos estes fatores podem ser controlados de forma significativa se a compra for feita internamente.

Parceria para o bem

A boa notícia é que os grandes usuários de energia não precisam construir suas próprias usinas de geração de energia renovável para ter acesso a todos esses benefícios. Através da estrutura do acordo de compra de energia (PPA), os consumidores corporativos de energia em toda a região podem tirar proveito de melhores decisões estratégicas de fornecimento de energia com a assistência de um parceiro conhecedor. Esta é a oportunidade perfeita para reduzir os riscos, seja a reação dos clientes e mercados financeiros relacionados à aquisição de energia, ou o risco de execução dos projetos que são necessários para fornecê-los energia.

Os projetos de energia renovável são rápidos e relativamente simples de executar e têm modularidade que lhes permitem adaptar-se facilmente ao tamanho do comprador corporativo de energia. Além disso, eles podem ser alavancados pelo comprador corporativo para demonstrar seus compromissos de sustentabilidade, fornecendo um sinal visível aos clientes e investidores de que eles estão do lado certo da equação climática.

Indústrias intensivas em energia: a espinha dorsal da economia latino-americana

Na América Latina, rica em recursos, as indústrias extrativistas e químicas intensivas em energia constituem uma grande parte da economia e da cesta de exportação. 

Mas não são apenas as grandes mineradoras e produtores químicos que podem tirar proveito da situação atual. A região abriga uma grande variedade de grandes usuários de energia, do agronegócio à indústria farmacêutica e de saúde, processamento de mineração, dessalinização de água, o setor tecnológico e até mesmo os varejistas. Empresas internacionais que operam no Chile, Peru, Brasil e México têm sido pioneiras neste sentido – da Anglo American à empresa multinacional Dow.

Uma janela de oportunidade se abriu para a transição do fornecimento convencional de energia para as fontes renováveis. É difícil saber quanto tempo durará esta retração, quando será a recuperação e, mais importante ainda, quais outros eventos negativos podem empurrar os custos de energia na direção oposta.

Se estes últimos meses nos ensinaram alguma coisa, foi que a consideração de eventos extremos precisa fazer parte dos modelos de risco futuros. Acreditamos que os acordos bilaterais para compra de energia renovável são uma ferramenta vital na construção de negócios resistentes e intensivos em energia para o novo normal pós-pandemia. Eles não apenas oferecem acordos de preços a longo prazo a taxas atraentes, mas permitem que as empresas se alinhem com as expectativas dos clientes.

COMPILAÇÃO DE FONTES

Atualização do mercado de energia renovável
Perspectivas para 2020 e 2021:

https://www.iea.org/reports/renewable-energy-market-update/challenges-and-opportunities-beyond-2021
https://www.gartner.com/smarterwithgartner/9-future-of-work-trends-post-covid-19/
https://gwec.net/gwec-and-olade-team-up-to-drive-the-energy-transition-in-latin-america/

[1]  Fonte: Reuters MSCI https://www.reuters.com/article/emerging-markets-latam/emerging-markets-latam-fx-stocks-fall-on-spike-in-virus-cases-dour-growth-forecast-idUSL1N2E11WA
[2] Fonte: Hargreaves Lansdown https://www.hl.co.uk/news/articles/how-are-stock-markets-in-latin-america-coping-with-coronavirus-turbulence

O setor de energia renovável da América Latina está caminhando para os 239 gigawatts de capacidade instalada de energia eólica e solar até 2040, sustentando o grande potencial de investimento no setor. Neste artigo, analisamos as principais oportunidades para o mercado privado de energia renovável na região, assim como abordamos algumas das incertezas.

Em todo o mundo, o apoio às antigas indústrias poluidoras diminuiu, enquanto a energia limpa e verde aumentou em popularidade. Os combustíveis fósseis estão em constante declínio, com o setor de energia tradicional consistentemente com baixo desempenho no S&P 500, e pesquisas recentes mostram que 77% dos investimentos em nova geração de energia até 2050 serão em energias renováveis.

A América Latina, lar de alguns dos recursos eólicos e solares mais abundantes do mundo, deverá desempenhar um papel vital nesta transição energética, e vemos uma série de tendências que apontam que agora é o momento certo para investir no setor.

Fatores econômicos 

Ao contrário das economias mais consolidadas dos EUA e da Europa, onde o mercado consumidor de eletricidade convencional está estagnado ou em contração, a classe média da América Latina tem se expandido na última década, tanto em termos absolutos quanto em proporção do total de residências, alimentando as necessidades domésticas de energia. A demanda de eletricidade na região está aumentando de forma consistente ano a ano: a mobilidade social permite que a população compre aparelhos e leve uma vida mais moderna com maior consumo de energia, enquanto em muitos países as indústrias de energia, que formam uma parte central da comunidade empresarial, continuam a expandir suas operações.

Acreditamos que esta demanda será melhor atendida pelas energias renováveis, primeiramente por causa do custo: ao contrário de outras regiões, a energia renovável é competitiva contra a nova geração térmica na América Latina, mesmo sem subsídios. Há pouca dúvida de que as reduções maciças de custos na última década são uma das principais razões para as energias renováveis transformarem rapidamente o mix de eletricidade da região.

Mas não é apenas a demanda futura de energia que vemos ser atendida pelas energias renováveis. Em muitos mercados, a competitividade dos custos da energia renovável pode prejudicar os ativos térmicos existentes. Isto abre a oportunidade de substituição de capacidade por energias renováveis – algo que já estamos vendo no Chile, que implementou um roteiro de descarbonização, a ser completado até 2040. É provável que outros países sigam o exemplo – é apenas uma questão de tempo.

A composição das economias da América Latina também é um fator importante. Como grandes exportadores das commodities que impulsionam o crescimento do resto do mundo, as fortunas da região são impulsionadas em grande parte pelas empresas internacionais de petróleo e mineração e seus clientes – todas as quais estão vendo aumentar a pressão para reduzir sua pegada de carbono e demonstrar progresso em sustentabilidade. Como resultado, a aquisição de energia renovável tornou-se uma parte cada vez mais importante de sua estratégia corporativa.

Além disso, não se trata apenas dos exportadores de commodities. Estamos vendo empresas multinacionais com forte presença na América Latina, desde o setor tecnológico com seus centros de dados até marcas de bens de consumo, passando por conglomerados químicos, empresas de manufatura, empresas automobilísticas e até grandes varejistas, mudarem sua abordagem do consumo de energia diante da pressão dos acionistas e consumidores para se tornarem verdes.

Projetos que avançam

Como qualquer perspectiva, no entanto, existem algumas incertezas.

O papel do governo continua sendo fundamental para a implantação das energias renováveis, e certos desenvolvimentos, como os adiamentos dos leilões de eletricidade no Brasil e no Chile, ou os recentes bloqueios regulatórios no México que limitam a operação de novas usinas de energias renováveis, têm demonstrado a importância de um forte conhecimento no terreno ao considerar a participação no mercado.

Enquanto isso, a pandemia de Covid-19 tem prejudicado seriamente o crescimento econômico global, e a América Latina não é exceção. O momento e o ritmo da recuperação continuam imprevisíveis, no entanto, acreditamos que a pandemia tem o potencial de mudar a prioridade das políticas governamentais, e a energia renovável desempenhará um papel fundamental na recuperação da América Latina em relação à crise.

Apesar destes desafios globais, os projetos de energia renovável ainda estão em andamento. Em um nível global, se olharmos para a carteira de projetos até 2025, quase um terço dos projetos de energia eólica e solar fotovoltaica já estão contratados e/ou financiados, de acordo com a última atualização do mercado de energia renovável da Agência Internacional de Energia [1].

Há outra tendência que estamos começando a ver na região, que acrescenta força à nossa convicção de uma recuperação econômica liderada por energias renováveis. A medida que a pandemia acelera o foco na sustentabilidade por parte dos formuladores de políticas e investidores, temos visto um aumento na aceitação de relatórios do setor privado sobre a exposição a riscos financeiros baseados no clima. Um exemplo é no Chile, onde investidores institucionais e a Bolsa de Valores de Santiago começaram a implementar os princípios estabelecidos pela Força Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), uma iniciativa iniciada em 2015 pelo Conselho de Estabilidade Financeira. Pensamos que isto levará a um número ainda maior de fundos investindo em projetos verdes, como energia eólica e solar, impulsionando ainda mais o crescimento do setor.

Um voo para a segurança

Com projeções de uma recessão global profunda e duradoura como resultado de medidas de bloqueio relacionadas à pandemia, o investimento em energia limpa é cada vez mais visto não apenas como uma forma de reduzir a poluição, mas como um meio de se proteger contra riscos futuros e ativos irrecuperáveis.

Para os investidores, a energia renovável é muito semelhante ao investimento imobiliário: o maior custo é o equipamento inicial, mas uma vez concluído o projeto, ele representa um ativo estável com poucas partes móveis, baixos custos operacionais e fluxos de receita de muito longo prazo que podem ser emparelhados com vencimentos de obrigações de aposentadorias e seguros.

Se o projeto for desenvolvido com um contrato de compra de energia (PPA), a natureza estável dos benefícios é ainda mais evidente. Estas estruturas asseguram receitas de eletricidade para uma parte significativa da vida útil do projeto, e podem ser comparadas à propriedade de um edifício com um contrato de arrendamento de 15 anos já assinado, garantindo renda para os próximos anos. Enquanto isso, espera-se que a demanda de energia renovável continue a crescer, especialmente na América Latina, onde o consumo de eletricidade deverá aumentar mais de 70% até 2030, de acordo com o Conselho Mundial de Energia Eólica [3].  

É pouco provável que esta capacidade seja suprida por combustíveis fósseis, especialmente porque as crescentes preocupações com as emissões de carbono e a mudança climática colocam em dúvida as aprovações dos projetos. Como resultado, esperamos ver uma fuga para a qualidade por parte dos investidores que buscam fluxos de receita de baixo risco e de longo prazo, com o aumento das alocações destinadas à infraestrutura de energia renovável.

Um mercado em maturação

As vantagens da América Latina quando se trata de atrair investimentos para as energias renováveis não passaram despercebidas. Nos últimos anos, temos visto a confiança, tanto de desenvolvedores internacionais como de financiadores internacionais, se traduzirem em projetos em todo o continente.

Estes atores foram os primeiros a se movimentarem, e desde então têm sido seguidos por grandes empresas de serviços públicos, que começaram a mudar seu foco de investimento para energias renováveis, depois que a energia convencional começou a perder participação no mercado.

Agora, à medida que as empresas começam a adotar PPAs em massa, o mercado se tornou cada vez mais dinâmico, particularmente no Brasil, Chile e México. Ainda há muito espaço para crescimento em outros mercados, como a Colômbia, e mesmo nos mercados mais consolidados, estamos vendo mais oportunidades à medida que novas tecnologias estão sendo implantadas, desde soluções de armazenamento até módulos bifaciais em usinas fotovoltaicas.

Acreditamos que o mercado ainda está no início de sua curva de crescimento, apresentando múltiplas oportunidades de investimento e vários estudos comprovam isso. De acordo com a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), até 2050, a América Latina terá uma capacidade eólica instalada adicional de 131GW e 172GW de nova capacidade solar.

Na Atlas Renewable Energy, nossa equipe experiente está na vanguarda do desenvolvimento e operação de projetos de energia limpa na América Latina. Temos proporcionado aos investidores retornos sólidos e estáveis no Brasil, Uruguai, Chile e outros países, e conhecemos em primeira mão a força do mercado de energia renovável da região. Em toda a região, como já descrevemos aqui, há várias tendências que, em nossa opinião, fazem da energia renovável um investimento atraente. Acreditamos que, com os parceiros certos e projetos cuidadosamente escolhidos, investidores, financiadores e empresas podem colher os benefícios do setor de energia renovável da América Latina por muitos anos – e o momento de fazê-lo é agora.

COMPILAÇÃO DE FONTES

https://www.iea.org/reports/renewable-energy-market-update/challenges-and-opportunities-beyond-2021
https://www.gartner.com/smarterwithgartner/9-future-of-work-trends-post-covid-19/
https://gwec.net/gwec-and-olade-team-up-to-drive-the-energy-transition-in-latin-america/
https://www.irena.org/-/media/Files/IRENA/Agency/Publication/2020/Apr/IRENA_GRO_R06_LAC.pdf?la=en&hash=1493165ED11340CC1F2681321F8D24754F0292C6