Energia Renovável Impulsiona a Sustentabilidade na Indústria de Alimentos
A mudança dos consumidores para produtos mais saudáveis e sustentáveis cria uma oportunidade estratégica para empresas adotarem energia renovável, fortalecendo seu mercado e vantagem competitiva.
O setor de alimentos e bebidas atravessa uma transformação fundamental nas preferências dos consumidores. Dados de mercado indicam uma acelerada mudança em direção a produtos sustentáveis e voltados à saúde, com consumidores direcionando progressivamente seu capital para empresas que demonstram responsabilidade ambiental.
A análise abrangente de mercado da GlobalWebIndex revela que 61% dos consumidores millennials demonstram significativa elasticidade de preço para produtos ambientalmente sustentáveis. Esta tendência manifesta-se em todas as coortes demográficas, com 58% da Geração Z, 55% da Geração X e 46% dos baby boomers exibindo propensões de compra comparáveis.
Uma análise conjunta McKinsey-NielsenIQ do mercado norte-americano — um indicador-chave das tendências globais — demonstra que mais de 60% dos consumidores estão dispostos a absorver preços premium por iniciativas de embalagens sustentáveis. A pesquisa evidencia uma dinâmica de mercado convincente: “Produtos com proposições de valor alinhadas ao ESG alcançaram crescimento cumulativo de 28% em um horizonte de cinco anos, superando alternativas não-ESG em 800 pontos-base.”
Dados do Fórum Econômico Mundial ressaltam o impacto ambiental do setor, atribuindo um terço das emissões globais de gases de efeito estufa à produção de alimentos em 2022. Esta trajetória alinha-se com métricas históricas: dados da ONU de 2015 quantificaram as emissões do sistema alimentar em 18 bilhões de toneladas métricas de equivalentes de CO2, representando 34% das emissões globais agregadas.Neste cenário em evolução, iniciativas de sustentabilidade tornaram-se imperativas para manter a competitividade de mercado. Projeções da Research and Markets indicam receita setorial de US$ 3,71 trilhões em 2023, projetando um CAGR de 5,7% para atingir US$ 4,88 trilhões até 2028.
Integração Estratégica de Energia Renovável nas Operações de Alimentos e Bebidas
Em resposta às dinâmicas mutáveis do mercado, líderes do setor estão acelerando a implementação de ESG, com energia renovável emergindo como estratégia fundamental. A Câmara Americana de Comércio (AMCHAM) enfatiza os benefícios multifacetados da adoção de energia limpa. Além da redução da pegada de carbono, oferece vantagens econômicas substantivas através da redução da dependência de combustíveis fósseis e maior estabilidade de preços. Ademais, fortalece o posicionamento corporativo, à medida que stakeholders priorizam crescentemente métricas de sustentabilidade ambiental.
Líderes setoriais estabeleceram metas agressivas de redução de carbono, incorporando estratégias de transição para energia renovável em suas estruturas operacionais.
O roteiro estratégico da Nestlé inclui reduções de emissões de 20% até 2025, 50% até 2030, e operações net-zero até 2050, tendo como referência sua linha base de 2018 de 113 milhões de toneladas métricas de CO2.
A PepsiCo implementou uma estratégia abrangente de redução de carbono visando uma redução de 40% nas emissões da cadeia de valor até 2030 em relação a 2015, incluindo uma redução de 75% nas emissões operacionais diretas. Seu framework estratégico se estende até operações net-zero em 2040, utilizando energia renovável como facilitador-chave.
A Mondelez International articulou um compromisso de cadeia de valor net-zero até 2050. O conglomerado reportou ter superado as metas ambientais em 2021, alcançando redução de 24% nas emissões de manufatura, 33% na utilização de água e 31% na geração de resíduos. A organização identifica a energia renovável como crucial para sustentar esta trajetória.
A estratégia ambiental do Grupo Bimbo visa emissões net-zero até 2050, com objetivos intermediários incluindo eliminação de emissões indiretas até 2025, redução de 50% em emissões diretas e redução de 28% nas emissões da cadeia de valor até 2030, principalmente através de acordos de aquisição de energia renovável (PPAs).
Além dos líderes de mercado, players emergentes em segmentos especializados também estão executando estratégias de energia renovável. Empresas como Goya Foods, GrandyOats, HimalaSalt e Farmers Hen House integraram energia limpa em suas estruturas operacionais, impulsionadas tanto pela otimização financeira quanto pela conformidade com ESG.
PPAs: Gestão Estratégica de Custos através da Aquisição de Energia
Power Purchase Agreements (PPAs) representam instrumentos financeiros sofisticados que possibilitam às organizações assegurar estabilidade de preços a longo prazo e estratégias competitivas de aquisição de energia.
Embora estes instrumentos financeiros tenham demonstrado eficácia histórica, 2022 marcou um ponto de inflexão em meio à volatilidade sem precedentes dos preços de energia, catalisada por tensões geopolíticas na Europa Oriental. Os preços globais do gás natural atingiram um ápice de US$ 9,44 por MMBTU, necessitando de uma recalibração estratégica da aquisição de energia.
A análise da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) revela uma tendência contracíclica nos custos de energia renovável durante este período, apesar das pressões inflacionárias. Os custos médios ponderados globais para eletricidade solar demonstraram redução de 3%, enquanto instalações eólicas onshore alcançaram uma otimização de custos de 5%. A análise da IRENA quantifica a economia agregada no setor global de eletricidade em US$ 520 bilhões através da implantação de renováveis.
A inteligência de mercado da Pexapark de junho indica valorações de PPAs europeus com média de €50,8 por MWh em maio, com métricas do mercado ibérico atingindo €56,08 por MWh em junho. Isto correlaciona-se com adoção acelerada de mercado, evidenciada por 32 PPAs executados na Europa durante maio de 2023, agregando 1.537 MW de capacidade renovável—representando aumento de 14% mês a mês na execução de contratos.O mercado latino-americano demonstra momentum paralelo na adoção de PPAs. A liderança de mercado da Atlas Renewable Energy, mencionado pela BloombergNEF como principal desenvolvedora de energia limpa para aquisição corporativa na América Latina em 2020, exemplifica esta tendência. O ranking global da organização em sexta posição reflete mais de 500 MW de capacidade contratada com entidades do setor privado na região. A contínua expansão de mercado da Atlas culminou em uma execução histórica de PPA no final de 2023, representando o maior acordo de aquisição de energia renovável da América Latina. Esta parceria estratégica engloba o desenvolvimento da instalação solar Vista Alegre de 902 MWp no Brasil, estruturada para fornecer energia renovável à Alumínio Brasileiro (Albras), com redução projetada de emissões de 2,4 milhões de toneladas métricas de CO2 durante os 21 anos de duração do contrato.
Conclusão
A posição do setor de alimentos e bebidas como contribuinte primário para emissões globais de carbono, respondendo por aproximadamente um terço da produção agregada de CO2, apresenta tanto desafios quanto oportunidades. Enquanto projeções de mercado indicam trajetória contínua de crescimento, imperativos de redução de emissões são impulsionados por forças duais: gestão ambiental corporativa e preferências evolutivas dos consumidores por produtos sustentáveis.
Em resposta a estas dinâmicas de mercado, organizações estão progressivamente executando estratégias de aquisição de energia renovável através de acordos estruturados de fornecimento. Esta mudança estratégica oferece múltiplas proposições de valor: redução da pegada de carbono operacional, reputação corporativa aprimorada e posicionamento competitivo fortalecido. A aquisição de energia renovável oferece economia convincente e estabilidade de preços, permitindo às organizações mitigar exposição à volatilidade do mercado spot enquanto avançam objetivos de sustentabilidade. Esta abordagem abrangente alinha desempenho financeiro com gestão ambiental, criando vantagens competitivas sustentáveis em um cenário de mercado em evolução.
Este artigo foi criado em parceria com a Castleberry Media. Na Castleberry Media, estamos dedicados à sustentabilidade ambiental. Ao comprar certificados de carbono para o plantio de árvores, combatemos ativamente o desmatamento e compensamos nossas emissões de CO₂ três vezes mais.